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Menos pedágio e mais metrô são metas difíceis
Adriana Ferraz
do Agora
É o principal assunto na campanha, mas não é tão fácil quanto parece. Para oferecer mais metrô e menos pedágio aos paulistas, o próximo governador do Estado terá de assumir prejuízos financeiros, caso aceite reduzir a outorga das concessionárias de rodovias (espécie de aluguel pago ao governo), e políticos, já que obras de metrô demoram e provocam transtornos urbanos, como desapropriações e reflexos no trânsito.
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Os desafios não param por aí. O Estado mais rico da nação sofre com a falta de investimentos em portos e aeroportos, que já não suportam mais o aumento dos passageiros e do tráfego de cargas. E ainda tem o Rodoanel, que continua incompleto --faltam os trechos leste e norte.
Para Nicolau Gualda, professor titular de planejamento e operação de transportes da USP, a economia e o desempenho do Estado estão ameaçados diante da ausência de projetos de mobilidade.
"O próximo governador terá de optar. Vai forçar o governo federal a agir, na questão dos aeroportos, por exemplo? Vai lutar pela estadualização ou pela privatização? É um assunto que precisa ser resolvido. Do jeito que está não pode continuar", alerta.
Criar mais linhas de metrô para amenizar a sobrecarga do sistema é outro projeto antigo, que não acompanhou o ritmo dos usuários. "Essa demora custa caro. A cidade está ocupada.
Cada quilômetro novo de metrô exige desapropriações e investimentos muito maiores e mais demorados. Veja a linha 4-amarela: há quanto tempo está sendo construída?", questiona a professora de urbanismo Maria Lúcia Refinetti, da USP.
A especialista diz que, para não persistir no erro, o governo deve oferecer também outros sistemas, como corredores de ônibus e ciclovias. "Isso pode evitar os chamados monotrilhos [modelo de metrô elevado, por superfície], que são uma aberração urbana."
Expansão
Apesar de cara e trabalhosa, a expansão do metrô depende apenas do governo. Já a redução dos preços dos pedágios nas rodovias implica negociação com as concessionárias --o Estado não pode romper os contratos em vigência, de no mínimo 20 anos.
Para Creso de Franco Peixoto, especialista em transportes e professor da FEI, a redução da tarifa só é possível se o próximo governador aceitar reduzir a outorga, que é de cerca de 30% do valor.
"As rodovias paulistas são as melhores e têm os pedágios mais caros do Brasil. Mas a tarifa é resultado de um modelo de concessão diferenciado. Em São Paulo, a escolha não é pela empresa que cobra o pedágio mais barato, mas pela que oferece contrapartida maior ao Estado." Para Peixoto, o governo deve tentar um acordo. "Se o caixa hoje está bom, dá para reduzir essa taxa. Pedágio é solução, não problema."
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