Avanço do crack impõe ação imediata

O combate ao avanço do crack deve liderar a lista de ações prioritárias na área da segurança pública do próximo governo. Antes restrita ao centro da capital, a droga avançou para cidades pequenas e médias do interior. Chegou até mesmo ao campo.

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A dependência quase sempre leva à violência. Onde há "nóias" --como são chamados os viciados--, furtos e outros crimes são comuns, acompanhados da degradação urbana da região. É o caso da cracolândia, área deteriorada do centro da capital que recebe dependentes todos os dias. A polícia prende o pequeno traficante, mas, pouco depois, um outro assume o posto.

Para Guaracy Mingardi, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o crack altera não apenas a vida do viciado, mas de toda a sociedade do entorno. "E o pior é que as pessoas estão se acostumando a ver viciados fumando crack, como se acostumaram a ver a pobreza. A polícia tem que ir atrás do grandes traficantes que abastecem o mercado."

O consumo de crack pelas ruas, em pleno dia, aumenta a sensação de insegurança da população, apesar de os índices criminais terem caído na última década, principalmente a taxa de homicídios. Em 1999 eram 35,2 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Hoje são 10,9. O medo ainda é intensificado pelos pequenos roubos, cada vez mais frequentes no Estado, principalmente nas saídas de agências bancárias.

Crime organizado

Reconhecer e enfrentar a facção criminosa que age dentro dos presídios é outra medida a ser tomada pelo próximo governador, afirma o juiz Sérgio Mazina Martins, presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais.

"Os líderes não são influentes só dentro dos presídios superlotados. Muitos têm relações próximas com policiais e até políticos", aponta o juiz. O enfrentamento, diz Mingardi, exige preparo da polícia. "E polícia preparada quer dizer polícia bem paga, satisfeita."

A insatisfação das corporações, porém, está em baixa evidente. Em 2008, as duas polícias, Civil e Militar, chegaram a se confrontar em frente ao Palácio dos Bandeirantes, na época ocupado pelo então governador José Serra (PSDB). Os policiais civis pediam aumento --e os militares tentavam conter a manifestação. O Estado mais rico da nação não tem o melhor salário. Um investigador, por exemplo, começa ganhando cerca de R$ 2.200.