01/10/2017

Vai ter criança passeando, sim!

Cristiane Gercina
do Agora

Se tem algo que eu faço com as minhas filhas com muita frequência é passear.

E olha que praticamente não tenho finais de semana nem feriados.

Como sou jornalista há 16 anos, tenho plantões frequentes há 16 anos. Não sei o que é Carnaval e Páscoa, Ano-Novo e Natal. Não num mesmo ano. Porque dependendo do ano, a gente reveza o feriado. E eu só posso conviver com um desses.

Em 2017, por exemplo, fizemos escala na redação e eu –a azarada do planeta– tive problemas nos únicos dois feriados prolongados a que teria direito, depois do Carnaval. E o terceiro também já está comprometido. Mas não estou reclamando, pois, de todas essas decepções com a folga, tenho tirado uma lição muito linda. É que anda rolando por aqui uma sororidade que é de aquecer meu coração, mas isso fica para uma próxima coluna. Já dei spoiler num desenho num dia desses.

Pois bem. Se tem algo que faço questão de fazer com minhas filhas é passear. Nesses passeios, priorizo as áreas abertas e os momentos culturais. A mais velha foi ao teatro com apenas dois meses (alô, alô, galera da Escola Municipal de Dança de Araraquara que nos proporcionou esse momento). Ao cinema, levei com um ano e meio. Já a mais nova foi ao cinema aos dois meses –e não, não era sessão do Cinematerna, que é a oitava maravilha da atualidade materna. Levei-a ao teatro aos oito meses para ver um musical.

E por que escrevo tudo isso? Porque vejo que a crise econômica tirou das crianças os prazeres dos passeios culturais.

Além disso, estamos, praticamente, sendo esmagados pelo movimento childfree (que significa "livre de crianças").

De forma geral, os pais mantêm um padrão: priorizam gastos com educação e saúde e cortam o lazer. Claro que não deixam de levar os filhos a locais que consideram importantes para o desenvolvimento, mas acabam priorizando eventos da moda, que custam mais, e apertam ainda mais o orçamento.

Eu procuro muitas coisas gratuitas e com desconto e as encontro. Sempre que posso, indico aqui. E mesmo que alguns dos locais escolhidos apertem o meu orçamento, não deixo de lado os passeios culturais. Jamais. Muitos vão me dizer: "Mas você é jornalista". Sim, há os convites maravilhosos, como a exposição da Alice, que visitamos gratuitamente no ano passado. Aqui faço um adendo: alguma vantagem na vida as minhas filhas tinham que levar. Ficam sem mãe praticamente todo o tempo, mas têm o prazer da diversão e da informação que meu trabalho proporciona a elas.

Enfim, o que eu quero dizer é: "Saiam com seus filhos!". Os levem a museus, exposições de arte, teatros, cinema alternativo, entre outros passeios, e ampliem a visão das crianças sobre o mundo. E se alguém reclamar que eles são barulhentos e deveriam ficar em casa, pense que essa pessoa é que deveria se trancar.

Cristiane Gercina, 38 anos, é mãe de Luiza, 10, e Laura, 5. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é editora-assistente de Grana do Agora. É apaixonada pelas filhas e por literatura.

Quer ver o desenho do seu filho publicado na coluna? Envie-o para o e-mail colodemae@grupofolha.com.br com nome completo e idade da criança, nome do responsável e celular do responsável.

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