O pai das minhas filhas

Quando nos conhecemos, o pai das minhas filhas já tinha outras duas meninas e juro que, até conviver com o amigo e chefe –sim, ele foi meu chefe–, nunca havia visto nenhum homem falar com tanto brilho nos olhos sobre suas crias.

Acho que foi isso que fez eu me apaixonar por ele. Mesmo sem saber. E lembro que o pai das minhas filhas não queria ter mais filhos. E veio Luiza. E lembro que ele esperou ansiosamente o dia em que ela pôde tomar a primeira mamadeira, para alimentá-la. E esteve ao meu lado em todos os momentos da amamentação. Mesmo sem eu pedir, mesmo sem eu fazer questão, mesmo há mais de dez anos, quando não se falava em feminismo nem em igualdade de direitos e deveres.

O pai da minhas filhas não planejou ter meninos, mas se eles tivessem vindo, os teria amado do mesmo jeito. E ele quis muito ter outra filha comigo, depois da primeira, mas entendeu, como eu, que já bastava. E então veio Laura. E o pai das minhas filhas amou Laura do mesmo jeito que ama todas elas. E, 20 anos depois, ele, que já tinha três filhas, sentiu a mesma emoção no seu nascimento.

O pai das minhas filhas é o pai de quatro meninas "simpáticas, bonitas, inteligentes e maravilhosas", como ele gosta de responder a todos que perguntam como elas estão.

O pai das minhas filhas embarcou comigo nessa aventura de termos herdeiras, de deixar nelas as nossas qualidades e o nosso jeito de errar. E mesmo com defeitos, o pai das minhas filhas é o melhor pai que elas poderiam ter. Um viva ao pai das minhas filhas!

Cristiane Gercina, 38 anos, é mãe de Luiza, 10, e Laura, 5. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é editora-assistente de Grana do Agora. É apaixonada pelas filhas e por literatura.

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