Para delegado, mensalão é maior que o julgado no STF

Brasília - O delegado da Polícia Federal Luís Flávio Zampronha, que investigou durante seis anos a existência do mensalão, rompe um silêncio mantido desde 2005 e afirma: "O mensalão é maior do que o caso em julgamento no Supremo Tribunal Federal".

Em entrevista à reportagem, Zampronha diz que o esquema era mais amplo nas suas duas pontas, de arrecadação e distribuição. Deveria, afirma, ser encarado como um grande sistema de lavagem de dinheiro --e não só como canal para a compra de apoio político no Congresso.

O delegado trabalhou desde o início do caso --até fevereiro de 2011-- para abastecer de provas a acusação do Ministério Público Federal.

Lavagem de dinheiro

Segundo o delegado, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares poderiam ter sido denunciados também por lavagem de dinheiro --o que não foi feito pelo Ministério Público Federal.

Sobre Dirceu, Zampronha diz: "Há vários elementos que indicam que ele sabia dos empréstimos e dos repasses para os políticos".

Na ação a que respondem, Dirceu e Delúbio são acusados de corrupção ativa e de formação de quadrilha. Uma condenação por lavagem de dinheiro elevaria as penas.

Origem da grana

A denúncia do mensalão foi oferecida pela Procuradoria em 2006. Zampronha continuou seu inquérito na PF para aprofundar as investigações sobre os crimes.

Entregou o último relatório em 2011 e deixou o caso.

O delegado diz que o mensalão "seria empregado ao longo dos anos não só para transferências a parlamentares, mas para custeio da máquina partidária e de campanhas".

Por outro lado, Zampronha também considera haver "injustiças" na denúncia --referência a réus que eram subordinados dos operadores do mensalão.

Outra discordância refere-se à acusação da Procuradoria de que os empréstimos obtidos nos bancos Rural e BMG eram de fachada.

Para Zampronha, os empréstimos eram verdadeiros e seriam quitados com dinheiro do esquema. Os réus no STF alegam que os recursos eram privados.

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