Por um mundo melhor

Casos como o do ator José Mayer, acusado de ter assediado uma figurinista da Globo, e o do sertanejo Victor, indiciado por suspeita de agressão à mulher grávida, lançaram luz a um dos principais pontos defendidos pelo feminismo: o de que um homem jamais deve achar que pode fazer algo só porque é homem. Ou seja, sempre que a questão do gênero for mais importante do que a da honestidade ou do caráter, ela será moldada pela desigualdade. E não pela mera desigualdade entre homem e mulher, mas entre dois seres humanos. Essa é a primeira lição que a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (uma das mais importantes vozes femininas da literatura na atualidade) introduz na nova obra "Para Educar Crianças Feministas" (R$ 14,90; 96 págs., Cia. das Letras).

Pequenino, o livro tem tamanho inversamente proporcional ao seu potencial de transformar. Escrito originalmente como uma carta a uma amiga, que queria saber como poderia criar a filha como feminista, o livro virou um manifesto não apenas às crianças, mas aos adultos.

Nele, Chimamanda também desconstrói preconceitos contra o próprio feminismo, ressaltando, por exemplo, que o homem não é inferior (tem quem acuse o feminismo disso) nem que é dele a responsabilidade de manter a casa.

A autora deixa claro à amiga que também não existe mulher-maravilha, mas que ser mãe e trabalhar um dia será motivo de orgulho para sua filha. "Pai é verbo tanto quanto mãe", diz ela. E não deve ser chamado de "pãe" por isso. Ser pai tem tanta responsabilidade quanto ser mãe.

A autora ainda pede que a amiga deixe a filha usar maquiagem e roupas da moda. O feminismo não anula a feminilidade. Ele só não obriga jamais uma garota a passar batom se ela não quiser. E isso também não tem nada a ver com ser gay.

Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa

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