Bandeira adulto

Escritor Pedro Bandeira dá um tom brasileiro à parceria entre Holmes e Watson em seu primeiro romance adulto, "Melodia Mortal"

Aos 75 anos, o escritor infantojuvenil Pedro Bandeira resolveu se lançar em uma nova aventura: criar, ao lado do amigo e médico Guido Levi, seu primeiro livro adulto. Os fãs de clássicos como "A Droga da Obediência"(1984), "A Marca de uma Lágrima"(1985) e "O Fantástico Mistério de Feiurinha"(1986), hoje mais do que crescidinhos, podem aguardar a mesma linguagem simples, direta e inteligente do autor, mas agora com referências históricas e culturais que tornam seu enredo ainda mais saboroso.

O romance policial "Melodia Mortal" (R$ 29,50, 240 págs., Rocco) chega às livrarias em abril, explorando indícios possíveis de serem levantados sobre as mortes polêmicas de alguns grandes compositores da música clássica, como Mozart (1756-1791), Beethoven (1770-1827) e Tchaikovsky (1840-1893). Assassinados, envenenados, vítimas de tuberculose ou de alcoolismo? Para isso, Bandeira e Levi ressuscitam ninguém menos do que Sherlock Holmes -auxiliado pelo dr. Watson, memorável parceiro de Holmes.

"Pude deitar e rolar, fazendo um monte de brincadeiras culturais, literárias, cinematográficas e musicais. Só para ter uma ideia, em meu livro, o Freud [pai da psicanálise, 1856-1939] e o Bernard Shaw [escritor irlandês, 1856-1950] interagem com o Sherlock! E suas falas foram todas tiradas de escritos deles mesmos: foi uma delícia criar diálogos forçando o Sherlock a falar coisas que se encaixassem em falas clássicas desses dois autores", diz.

No livro, é o nada elementar Holmes quem sugere a Shaw o enredo da clássica peça teatral "Pigmalion" (1913), que mais tarde seria adaptada para o cinema como o musical "My Fair Lady".

Bandeira conta o método usado para escrever a quatro mãos com o amigo. "Usei o narrador indireto livre [em que as falas dos personagens surgem no meio da narração], e ele usou o 'narrador-câmera-de-cinema', que retrata o que está acontecendo, registra os diálogos, mas não opina. A justaposição desses estilos é um dos valores do livro", diz o autor, assumindo o papel de Holmes na parceria.

Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa

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