Polícia

02/03/2011

Estatístico que vendia dados sigilosos é demitido

Folha de S.Paulo

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) demitiu ontem o sociólogo Túlio Kahn da chefia da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), órgão da Secretaria de Estado da Segurança Pública que concentra as estatísticas criminais do Estado.

O anúncio foi feito após a reportagem revelar que Kahn é, desde 2005, sócio-diretor da Angra Consultoria, empresa que vende serviços de consultoria e que disponibiliza dados que a própria secretaria considera sigilosos.

"[Kahn] é um profissional competente. Mas essa atividade empresarial dele é incompatível com o cargo que ocupa", declarou na Associação Médica Brasileira.

O secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, disse, em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, que não sabia da existência da empresa de Kahn. Ele afirmou que pedirá ao Ministério Público e à Corregedoria Geral do Estado que investigue eventuais irregularidades praticadas pelo ex-funcionário.

Entre outros dados sigilosos, Kahn já forneceu informações como furtos a transeuntes na região metropolitana de Campinas e os bens que costumam ser roubados nos assaltos a condomínios na cidade de São Paulo.

A reportagem solicita desde 2008 dados de grande interesse público, como as ruas mais visadas por assaltantes ou as que concentram os furtos de veículos.

A secretaria nega esses dados sob a alegação de que a divulgação poderia provocar pânico entre os moradores na área. Kahn chegou a escrever que a disseminação dessas informações desvalorizaria a economia da região.

Alckmin disse que o governo estuda a liberação desses dados. O governo de Minas Gerais, também administrado pelo PSDB, libera esses dados.

Kahn assumiu o cargo na secretaria em 2003, durante o governo Alckmin e a gestão de Saulo de Castro na Segurança. Foi mantido por Ronaldo Marzagão e por Antonio Ferreira Pinto.
Em sua defesa, Kahn disse à reportagem que foi o próprio governo que o orientou a abrir a empresa de consultoria.

Alckmin negou a orientação: "Imagina se o governo vai recomendar alguém para ter uma atividade paralela". Questionado ontem, ele não decidiu ainda quem substituirá Kahn no cargo.

Outra baixa

Kahn é o segundo funcionário do alto escalão da Segurança Pública a ser afastado nos últimos seis dias.

A então corregedora da Polícia Civil, Maria Inês Valente, saiu do cargo por ter defendido quatro delegados que desnudaram uma escrivã suspeita de corrupção.O caso aconteceu em 2009, mas só foi tornado público após um vídeo mostrando a escrivã sendo revistada ser divulgado.

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