20/03/2016

Descaso com a arte

Vivian Masutti
do Agora

Quando a jornalista Cristina Tardáguila resolveu escrever "A Arte do Descaso" (R$ 39,90, 192 págs., Intrínseca), sua intenção era que o livro fosse um thriller de investigação que, no fim, ao menos apontasse uma direção para solucionar o roubo que aconteceu durante o Carnaval de 2006, no Museu da Chácara do Céu, no bairro carioca de Santa Teresa.

Clique aqui e confira capítulo do livro "A Arte do Descaso"

Na ocasião, foram levadas, por bandidos armados, cinco obras de arte: um Dalí, um Matisse, um Monet e dois Picassos, que juntos tinham, à época, valor estimado em mais de US$ 10 milhões.

O crime, apontado pelo FBI (polícia do Departamento de Justiça dos EUA) como o maior roubo de arte ocorrido no Brasil, contudo, está longe de ser resolvido.

"Já tive pesadelos nos quais alguém que eu conhecia destruía as telas", conta a autora, que investigou a fundo o caso por cinco anos.

Ao longo das páginas, fica claro ao leitor que, mais do que uma reconstituição primorosa dos fatos ocorridos naquele 24 de fevereiro, devidamente contextualizados –em prosa franca e leve–, Cristina conduz a narrativa na direção de apontar o motivo pelo qual as autoridades brasileiras não avançavam para solucionar o sequestro das obras.

"Com o livro, só aumentou o número de indignados com o caso. Mas, até agora, nenhuma autoridade veio falar comigo. Ninguém. O brasileiro médio não sabe quais são as obras roubadas", completa ela.

Além de fazer do seu trabalho um manifesto, que deixa bem claro o descaso dado à arte no país, Cristina dá um profundo mergulho no submundo do roubo de obras de arte, reconstituindo crimes famosos, elucidados ou não, e ouvindo referências internacionais no assunto.

Eco discute a arte em novo livro da Record

Um alento aos fãs do escritor italiano Umberto Eco, morto no último dia 19 de fevereiro: a editora Record acaba de relançar o livro "A Definição da Arte" (R$ 39,90, 280 págs., Record).

Na obra, o autor propõe uma reflexão sobre a questão, em uma série de ensaios escritos entre 1955 e 1963, sobre teoria, história, música e cinema, entre outros.

Repórter busca grupo que age contra imigrantes

Em "Esta Terra Selvagem" (R$ 34,90, 120 págs., Cia. das Letras), da paulista Isabel Moustakas, um repórter ouve o depoimento de uma jovem que assistiu à tortura e ao assassinato dos pais.

Ao final da narração, ela tira a própria vida na frente dele.

O rapaz, então, segue as pistas de um grupo racista.

Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa. No Agora, é editora-assistente do caderno "Show!" - vivian.masutti@grupofolha.com.br

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