No mundo cão

O escritor norte-americano Raymond Chandler (1888-1959) ficou conhecido por ter descrito como nunca antes o submundo do crime, nos Estados Unidos da primeira metade do século 20.

É o mundo cão que prevalece em suas histórias, em que o herói, o investigador Philip Marlowe, estava longe de ser um meticuloso Hercule Poirot (de Agatha Christie) ou um brilhante Sherlock Holmes (Arthur Conan Doyle).

É com mais intuição etílica e menos genialidade que Marlowe envolve o leitor nos dois clássicos que acabam de ganhar nova tradução pela editora Objetiva: "A Dama do Lago" (R$ 34,90, 272 págs.) e "O Longo Adeus" (R$ 44,90, 400 págs.).

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No primeiro, escrito durante a Segunda Guerra Mundial, Marlowe é contratado para investigar o desaparecimento de uma mulher, em uma trama marcada por médicos sem caráter e policiais corruptos.

A história corre em ritmo frenético, e os personagens ganham profundidade a cada página.

Considerado um dos maiores romances da literatura policial de todos os tempos, o segundo traz Marlowe em apuros ao tentar ajudar um amigo a fugir do país.

Conta a favor do enredo complexo a competente tradução de Bráulio Tavares, que chega em boa hora.

A língua portuguesa ainda carecia de alguém que conseguisse transpor o universo de Chandler com todas as nuances mórbidas, que vão a fundo na podridão humana.

Vivian Masutti, 28 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa - vivian.masutti@grupofolha.com.br

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