Missão de risco

Os fãs da série de livros "Millenium" foram surpreendidos por uma notícia que os deixou ansiosos e apreensivos ao mesmo tempo. O autor sueco David Lagercrantz anunciou, no fim do ano passado, que dará continuidade à história de Stieg Larsson, morto em 2004.

Os três livros da saga venderam mais de 75 milhões de exemplares em 50 países. O primeiro deles, "Os Homens que Não Amavam as Mulheres", virou até um filme de Hollywood, com Daniel Craig e Rooney Mara, em 2011. Mas os seguintes não deixaram a desejar.

"A Menina que Brincava com Fogo" e "A Rainha do Castelo de Ar" são verdadeiras obras-primas do romance policial "noir" contemporâneo. Na minha opinião, o mais bacana é que a série de Larsson tira o leitor da América do Norte e do oeste da Europa e ambienta a história em belos pontos turísticos da ilha de Sodermalm, em Estocolmo.

Como a Suécia também tem os seus problemas, o lado sombrio do país é abordado principalmente a partir do retrato do tráfico de mulheres das regiões mais pobres do Leste Europeu, da violência a que elas são expostas e do uso abusivo de drogas. Os méritos de Larsson são muitos. E o mais incrível é que ele não teve em vida o devido reconhecimento.

Explico: seus livros só se tornaram uma sensação depois que o primeiro foi publicado, em meados de 2005, um ano depois de o escritor ter morrido de ataque cardíaco.

A trama tem dois mocinhos principais: a estranhona Lisbeth Salander, que tem como especialidade invadir computadores, e o jornalista galã Mikael Blomkvist. Os dois não são exatamente um casal e contar muitos detalhes pode desestimular quem vai começar a trilogia agora.

Basicamente, é o seguinte: Lisbeth é considerada maluca pelas autoridades e culpada por um crime que não cometeu. Para ajudá-la, Blomkvist se envolve em uma investigação que vai desenterrar vilões da antiga União Soviética, além de desestruturar toda a base do serviço secreto sueco. O leitor deve estar preparado para uma realidade chocante: vai encarar
uso de drogas, estupros, violência e transtornos psiquiátricos diversos.

A pergunta que fica é: será que a continuação dará conta de atender às expectativas?

Vivian Masutti, 28 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras pela Universidade de São Paulo - vivian.masutti@grupofolha.com.br

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