Rapidinhas de Verissimo

Sete meses após se recuperar de uma forte gripe, seguida de uma grave crise de dores no peito, o escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, 77 anos, é responsável por mais um livro que chega às lojas.

Pode-se dizer que "Os Últimos Quartetos de Beethoven" (R$ 29,90, 164 págs., Objetiva) presenteia o leitor com aquilo que Verissimo tem de melhor: dez textos ágeis, espirituosos e bem-humorados. E quatro deles são inéditos.

Mestre da narrativa curta e cronista virtuoso, o escritor gaúcho, filho do romancista Erico Verissimo (1905-1975), criou para a obra três contos, além daquele que dá nome ao livro. "Lo", "A Mulher que Caiu do Céu" e "O Pôster" são complementados por outras seis narrativas leves, já publicadas por Verissimo em jornais pelo país.

Nelas o escritor zomba da nossa vida íntima, indo rapidamente do humor ao drama, passando por situações tragicômicas. O inédito "O Pôster" é um dos melhores contos. No enredo, João e Maria são um casal trintão, bem ao estilo de "Comédias da Vida Privada", best-seller de 1994 que virou série na Globo.

Uma noite, os dois se preparam para receber o chefe de João para jantar. É aí que um antigo pôster do líder revolucionário Che Guevara (1928-1967), que se encontra em uma das paredes da sala, acaba virando alvo de um debate entre o casal.

Já o conto "Os Últimos Quartetos de Beethoven", que dá nome ao livro, foge um pouco do estilo de Verissimo ao criar um universo melancólico sobre o círculo de amizades da violoncelista Lívia.

O ponto comum entre todos os textos é a atemporalidade das histórias, que evidenciam o dom que o escritor tem de fazer o leitor rir das próprias adversidades.

Vivian Masutti, 27 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras pela Universidade de São Paulo - vivian.masutti@grupofolha.com.br

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