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Rainha da criançada
Vivian Masutti
do Agora
Autora de centenas de livros, a escritora infantojuvenil Tatiana Belinky morreu na última semana, aos 94 anos, com a paz que acompanha os poucos que vão viver para sempre do reconhecimento do que fizeram.
Nos últimos anos, ela costumava pedir que as editoras publicassem logo seus livros, para que ela pudesse vê-los nas livrarias. Em sua vida, teve mais de 270 vezes esse prazer.
Um de seus maiores legados é a primeira adaptação para a televisão de "Sítio do Picapau Amarelo", de Monteiro Lobato (1882-1948), nos anos 1940.
Ao lado do marido, o educador Júlio Gouveia, viu no sucesso do programa na TV Tupi um incentivo para continuar escrevendo.
Fã de Emília, com quem se identificava, Tatiana costumava pedir licença a Capitu, lendária personagem de Machado de Assis (1839-1908), para dar à boneca o título de maior personagem feminina da história da literatura brasileira.
Nos anos 1980, já conhecida autora de literatura infantojuvenil, ela recebeu vários prêmios. Entre eles, o Jabuti.
De sua obra, cheia de humor e musicalidade, destacam-se o autobiográfico "Transplante de Menina - Da Rua dos Navios à Rua Jaguaribe" (editora Moderna) e o livro de poemas "Limeriques do Bípede Apaixonado" (editora 34).
Entre os infantis, sugiro "Rimas de Ninar", "Eu Não Sou como os Outros", "A Operação do Tio Onofre" e "O Caso dos Ovos", todos da Ática.
Vale lembrar que a qualidade dos livros de Tatiana lhe rendeu reconhecimento educacional. Um de seus primeiros trabalhos literários foi a produção de teatro para crianças a pedido da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo.
A escritora, que dedicou sua vida a criar histórias infantis, deixou à literatura nacional uma lição de respeito. Sempre achou que seus pequenos leitores eram, na verdade, subestimados.
Tatiana Belinky também atuou como tradutora
Nascida em São Petersburgo, na Rússia, Tatiana Belinky tem uma relação singular com os idiomas.
Quando chegou ao Brasil, instalando-se com sua família em São Paulo, aos dez anos de idade, já falava três línguas: russo, alemão e letão.
A facilidade com que aprendeu o português fez dela tradutora com a mesma naturalidade com a qual virou escritora, roteirista e dramaturga.
Enquanto desenvolvia sua carreira na literatura infantojuvenil, Tatiana Belinky publicou traduções de diversos dos principais autores russos, como Anton Tchekhov e Leon Tolstoi, de quem lançou uma versão de "Senhor e Servo e Outras Histórias" (editora L&PM).
Vivian Masutti, 27 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras pela Universidade de São Paulo - vivian.masutti@grupofolha.com.br
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