Médico teve denúncia arquivada em 93
Folha de S. Paulo
Documentos guardados por duas mulheres mostram que as denúncias de abusos sexuais contra o médico Roger Abdelmassih são conhecidas por Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), Ministério Público Estadual e Polícia Civil há pelo menos 15 anos. Na época, os casos foram arquivados.
No fim de 1993, a ex-estilista e hoje estudante de direito Vanuzia Leite Lopes, 49, procurou as três entidades para acusar o médico. Para ela, caso sua denúncia fosse tratada com rigor, o médico não teria feito novas vítimas.
Abdelmassih está preso, a pedido da Promotoria, acusado de ter cometido 56 estupros contra 39 mulheres _o caso de Vanuzia é o primeiro deles. Em 1993, ela procurou o médico para tentar engravidar, pagou cerca de R$ 150 mil (reservados para comprar um apartamento).
Segundo a ex-estilista, na última das três sessões do tratamento, Abdelmassih a violentou e isso causou uma contaminação bacteriana que fez com ela perdesse as trompas. Em um documento entregue ao promotor Luiz Henrique Dal Poz em março deste ano, Vanuzia acusa Abdelmassih ainda de ter sumido com embriões e óvulos.
Outra paciente de Abdelmassih, Cristina (que pede para não ter o nome publicado), uma consultora de viagens, apresentou em 1998 sua reclamação formal ao Cremesp. Em outro documento, entregue ao Cremesp em 4 de abril de 2001, ela diz: "Ele trancava-se comigo na sala e, me forçando, levava minha mão em seu órgão. Me abraçava fazendo carícias em meus seios."
Ontem, a Câmara de São Paulo revogou o título de cidadão paulistano que havia concedido ao médico.
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