PF apura fraude e prende diretores da Camargo Corrêa
Folha de S. Paulo
A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Castelo de Areia, que atingiu a direção da empreiteira Camargo Corrêa, acusada de remessa ilegal de dólares, superfaturamento de obras públicas e doações ilegais para partidos políticos. O relatório da ação cita PSDB, DEM, PPS, PSB, PDT e PP.
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Foram presos quatro diretores e duas secretárias da Camargo Corrêa. Cerca de 40 policiais fizeram buscas na sede da empresa, na Vila Olímpia (zona sul de SP), e levaram documentos, computadores e um cofre. Três supostos doleiros e um suspeito de ser o articulador das remessas também foram detidos.
Na casa de um dos diretores presos, Dárcio Brunato, delegados da PF afirmam ter encontrado uma lista com os nomes de políticos e funcionários públicos que teriam recebido valores da empreiteira.
A obra citada na investigação é a Refinaria do Nordeste. O TCU (Tribunal de Contas da União) apontou em 2008 superfaturamento de cerca de R$ 72 milhões na obra da Petrobras, feita por um consórcio que inclui a Camargo Corrêa.
As conversas gravadas sobre remessas ilegais são da mesma época em que TCU apontava superfaturamento na obra da refinaria. Estão presos os diretores Pietro Francesco Giavina Bianchi, Fernando Dias Gomes, Dárcio Brunato e Raggi Badra Neto e as secretárias Darcy Flores Alvarenga e Marisa Berti Iaquinto.
Durante as interceptações telefônicas, a polícia gravou uma conversa entre o vice-presidente da Camargo Corrêa, Fernando Botelho, com um dos diretores presos, Bianchi.
No diálogo, de setembro passado, Botelho diz ter sido procurado pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, que se queixava da demora do repasse de verbas da empreiteira.
Skaf é apresentado pela PF como suposto intermediário da construtora com partidos políticos. Ele é apontado como eventual candidato ao governo de São Paulo em 2010.
Noutra conversa, Bianchi liga para outro diretor, Brunato, e diz, segundo a transcrição, que o pagamento já havia sido feito. "Foram R$ 300 mil para Agripino e partido", diz, e "outros 200 para Flexa Ribeiro". Agripino seria o senador José Agripino Maia (DEM-RN); Ribeiro é senador paraense pelo PSDB.
A PF encontrou ainda indícios de que a empreiteira enviava dólares para o Peru, onde faz duas estradas.
A polícia aponta que as remessas eram feitas por empresas fantasmas brasileiras localizadas na periferia.
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