Vítimas de confrontos na Líbia já são 200

CAIRO - Forças de segurança da Líbia abriram fogo ontem contra milhares de pessoas que participavam de um funeral para opositores do regime em Benghazi (leste), numa cena descrita por testemunhas como um "massacre".

De acordo com organizações de direitos humanos, os disparos elevaram para cerca de 200 o número de mortos em Benghazi, segunda maior cidade do país e principal foco dos protestos contra o ditador Muammar Gaddafi, que eclodiram há seis dias.

O isolamento do país, onde há raros jornalistas estrangeiros, aumentou desde a sexta-feira, quando o regime cortou a internet e dificultou os telefonemas internacionais. Com isso, é quase impossível dimensionar a escala da repressão do governo líbio.

Ainda assim, relatos por telefone a agências de notícias e a grupos de direitos humanos indicam que a coação é a mais violenta desde o início da onda de protestos no mundo árabe, em janeiro, que já derrubou os ditadores da Tunísia e do Egito.

Em conversa com a agência Associated Press, Jamal Eddin Mohammed, 53 anos, contou que milhares de pessoas acompanharam ontem o cortejo fúnebre em Benghazi que levava os cerca de 20 manifestantes mortos no dia anterior para o cemitério.

Quando passaram no palácio, forças de segurança abriram fogo contra a multidão com metralhadoras.

Pelas estimativas da Rede Árabe de Direitos Humanos, com base no Cairo, o total de mortos em Benghazi chega a 200 e os feridos passam de 800. Já a Human Rights Watch fala em 173. Ambas as organizações enfatizaram a extrema dificuldade em obter informações confiáveis.

Segundo a HRW, a internet está inacessível em todo o país e o governo prendeu moradores que deram entrevistas por telefone.

"Uma potencial catástrofe de direitos humanos está em andamento na Líbia", disse Sarah Leah Whitson, da HRW. "A Líbia tenta impor um bloqueio informativo, mas não pode esconder um massacre."

Os protestos iniciados na semana passada, na esteira das revoltas que se alastraram pelo mundo árabe a partir da Tunísia, representam o maior desafio até hoje ao regime do ditador Muamar Gaddafi, no poder desde 1969.

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