Cliente leva R$ 120 milhões no PanAmericano

O Banco Central encontrou o primeiro indício concreto de desvio de dinheiro no PanAmericano. Um cliente pessoa física recebia mais de R$ 120 milhões de rendimento por ano numa aplicação. Técnicos do BC suspeitam que os juros eram inflados para camuflar a saída dos recursos. Não se sabe se ele está envolvido no suposto esquema.

O titular da aplicação é o empresário Adalberto Salgado, de Juiz de Fora (MG). Ele tinha R$ 400 milhões em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) do PanAmericano, com remuneração acima de 30% ao ano. O BC já havia identificado problemas na contabilidade, mas não tinha indícios de desvio de dinheiro.

O CDB é usado pelos bancos para captar recursos. O investidor empresta grana ao banco e recebe juros pelo CDI, taxa cobrada nas transações entre as instituições financeiras. O empresário obteve 20% ao ano de retorno mais o total do CDI --cerca de 30,75%.

Bancos menores e de médio porte, como o PanAmericano, costumam pagar taxas superiores ao CDI. Porém, para especialistas, a taxa chegaria a cerca 11,3% ao ano.

A descoberta da aplicação só após a intervenção é um indício de que a fiscalização do BC cometeu falhas graves.

Para especialistas, a investigação deveria ter notado o risco do pagamento de juros tão altos para o banco. O PanAmericano deveria ter informado o valor da aplicação.

Técnicos do BC ainda não sabem dizer se as irregularidades nas contas do banco, como carteiras de crédito já vendidas, foram por incompetência ou por má-fé.