Ministro ajudou ONG sob suspeita em novo contrato

O ministro do Esporte, Orlando Silva, autorizou de próprio punho uma medida que beneficiou a ONG do policial militar que hoje o acusa de participar de um esquema de desvio de dinheiro público. O ministro nega todas as acusações.

Orlando assinou, em julho de 2006, despacho que reduziu o valor que a ONG de João Dias Ferreira precisava gastar, como contrapartida, para receber verbas do ministério e participar de programas federais de inclusão social (veja ao lado).

A decisão foi tomada pelo ministro mesmo depois de auditorias da pasta terem constatado que o policial militar tinha fraudado o primeiro convênio com a pasta.

O ministro está no centro de uma crise há dez dias, desde que Ferreira afirmou que os desvios nos contratos eram para irrigar o caixa do PC do B, partido que controla o ministério desde 2003.

Em julho de 2006, o ministro assinou um ofício que reduziu exigências e fixou em 6% a contrapartida da Associação João Dias em um convênio do programa Segundo Tempo, foco das suspeitas de irregularidades.

O percentual era inferior ao que vinha sendo exigido pelo Esporte nos contratos com outras ONGs do Distrito Federal, que na época tinham que entrar com 30%, em média, segundo levantamento da reportagem.

O policial militar disse ontem que entregou à Polícia Federal 17 áudios e imagens que corroboram suas acusações. Ferreira foi ontem à PF prestar seu segundo depoimento. Ele estava sem os advogados de defesa.

Leia mais

• Pastor diz que Esporte cobrou 10% de propina para partido
• Esporte deu R$ 9,5 milhões a ONG ligada a assessor de Silva
• Procurador vai abrir inquérito contra ministro do Esporte
• Ministério do Esporte deixou de investigar denúncias
• Governo cobra do Esporte R$ 26 milhões por irregularidades