Disputa entre PT e PSDB trava investigação de emendas

Uma disputa entre a base do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e a bancada do PT na Assembleia Legislativa de SP empurrou para o segundo plano a apuração sobre a suposta negociação, por deputados, de suas emendas ao Orçamento ontem.

Em reunião do Conselho de Ética para discutir a crise iniciada com as declarações do deputado Roque Barbiere (PTB) afirmando haver a existência do esquema, o PT centrou o foco no secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo.

Os petistas usaram a informação de que Covas teria sido beneficiado pelo Estado na liberação de recursos indicados por ele no Orçamento deste ano. Os valores, que somariam R$ 8,2 milhões, foram publicados no site do jornal O Estado de S. Paulo. A bancada petista afirmou que, desde 2007, ele teria obtido R$ 14,8 milhões.

O PSDB negou o favorecimento, dizendo que os recursos não se referem a indicações formais feitas por Covas, mas a projetos que ele apoiou. O tucano já havia se envolvido em polêmica ao afirmar em entrevista ter recebido oferta de propina de um prefeito.

Ontem, Covas mandou uma carta à Assembleia na qual diz que falava em tese. Segundo ele, tratava-se de um exemplo didático que de tanto repetir havia incorporado como discurso.

"Acabei narrando o exemplo como fato", escreveu.

"Esse bilhete é ridículo, um desrespeito. O governo quer desqualificar o Conselho de Ética", disse o líder da bancada, Enio Tatto.

A principal queixa dos petistas foi a de que o Conselho, presidido pelo tucano Hélio Nishimoto, não encaminhou a Covas o convite para que ele comparecesse à Casa. Os tucanos afirmaram ter havido falha da assessoria do conselho.

O embate com o PT durou quatro horas, sem que nenhum requerimento ou deliberação fosse votado.

Paralelamente, aliados de Barbiere tentaram, sem sucesso, anular a investigação dizendo que o caso teria de ter passado antes pela Corregedoria. Após cinco horas de embate, nem a agenda com os próximos passos do Conselho foi aprovada.

PT e PSDB cobraram do Estado a divulgação das indicações ao Orçamento feitas desde 2007. O governo alega dificuldade para abrir os dados da gestão passada.

Leia mais

• Emenda paga equipamentos superfaturados para hospital