Briga com a Cruz Vermelha prejudica assistência

RIO - Um semana após o temporal que devastou a região serrana no Rio, uma disputa pela distribuição de donativos entre a Prefeitura de Teresópolis e a Cruz Vermelha atrapalhou a assistência a milhares de desabrigados.

Coordenadores e voluntários da organização humanitária reclamam do excesso de burocracia para a liberação de água e comida, que só saem com um ofício assinado pela Secretaria de Educação.

Para retirar as doações, os flagelados têm de fazer um cadastro com RG e CPF, mas a maioria perdeu todos os documentos na enchente.

Ontem, caminhões do Exército recolheram donativos que eram distribuídos pela Cruz Vermelha em dois galpões no Bom Retiro, periferia de Teresópolis, para levá-los ao ginásio Pedrão, onde a distribuição é centralizada. A medida causou discussão entre enfermeiros e médicos da entidade e servidores.

"A prefeitura tomou conta. Parei de trabalhar para as vítimas e agora estou a serviço da burocracia", disse a enfermeira Adriana Lopes.

"É uma politicagem no meio da calamidade pública", afirmou a enfermeira voluntária Kátia Loureiro.

O prefeito de Teresópolis, Jorge Mario Sedlacek, disse ontem que o trabalho com a Cruz Vermelha "está funcionando perfeitamente". Ele confirmou a ordem para que as doações só sejam retiradas com documento assinado pela secretária de Educação, Magali Tayt-Sohn de Almeida. A medida, disse, foi tomada para evitar desvios.

As divergências prosseguiram ao longo do dia. No fim da tarde, em uma igreja que servia de novo depósito da Cruz Vermelha, a coordenadora Sandra Helena Mendonça garantiu: "Aqui não tem burocracia. Quem chegar com fome leva".

Mortes

Um semana depois do temporal que arrasou a região serrana do Rio de Janeiro, as autoridades já haviam contabilizado, até a conclusão desta edição, 665 mortes.

O corpo do ex-prefeito de Nova Friburgo Paulo Cezar Vassallo de Azevedo, 72 anos, foi encontrado ontem soterrado em seu sítio, na estrada Friburgo-Teresópolis, na região serrana.

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