02/06/2009

Temporal pode ter causado a queda do Airbus

Explosão, falha estrutural, pane elétrica e raio. Essas são as hipóteses mais prováveis para o desaparecimento do Airbus A330. Todas, de alguma forma, estão relacionadas às condições climáticas enfrentadas pela aeronave, que sobrevoava uma região de forte turbulência, conhecida como zona de convergência intercontinental no meio do oceano Atlântico.

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Durante o trajeto, o avião enfrentou uma forte turbulência e pode ter sido atingido por um raio ou por uma tempestade de granizo. As duas possibilidades podem ter provocado uma pane elétrica seguida de despressurização da aeronave (ou vice-versa), que causaram a queda.

Segundo Decio Correa, especialista em aviação, o motivo --seja ele qual for-- tornou-se fulminante para "matar o avião". "No caso de despressurização, as pessoas morrem congeladas. A temperatura, a 11 mil metros de altura, é de 50C negativos. As pessoas também ficam sem poder respirar", afirma.

O meteorologista Raimundo dos Anjos, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), explica que a zona de convergência está, atualmente, na altura da linha do Equador. "Ela se movimenta durante o ano. O avião encontrou uma região de profunda nebulosidade, com nuvens de até 12 quilômetros." Há livros, porém, que informam que essas nuvens podem ter até 18 quilômetros de altura.

Imagens de satélite do Inmet, registradas às 23h45 de anteontem, mostram que a temperatura na área em que a aeronave sobrevoava estava por volta de 70C negativos. Isso mostra, segundo o Inmet, que as nuvens estavam extremamente carregadas.

Falhas técnicas e mecânicas também são cogitadas, essa hipótese é considerada menos provável. O Airbus A330 tem quatro anos de utilização e passou pela última manutenção em abril deste ano. Um ataque terrorista também não está descartado, mas é pouco provável, de acordo com as autoridades francesas.

Para especialistas, o desaparecimento da aeronave foi consequência de uma série de problemas, sejam eles de segurança, estruturais ou elétricos. A história prova que as tragédias aéreas não têm, normalmente, apenas um motivo. Nesse caso, porém, o conjunto de falhas foi observado em alto-mar.

Para o diretor do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos (Grande SP), Claudio Chagas Cruz, é pouco provável que o piloto tenha levantado voo se a aeronave estivesse apresentando qualquer problema. "Como se trata de um voo transatlântico, o voo só decola se tudo está funcionando perfeitamente", afirma Cruz.

O exame dos dados enviados automaticamente pelo Airbus revelou, segundo o diretor-geral da Air France, Pierre-Henry Gourgeon Gourgeon, que houve uma "sucessão de dez mensagens técnicas" por volta das 23h15, indicando que "vários equipamentos tinham entrado em pane", afirmou o diretor.

Segundo Gourgeon, a sequência provocou uma "situação totalmente inédita no avião". De acordo com ele, é provável que, logo após essas mensagens, tenha ocorrido o impacto do Airbus no oceano.