Acusados de operar mensalão tentam culpar Marcos Valério

Brasília - Quatro acusados de formarem o núcleo operacional do mensalão tentaram ontem, no quarto dia de julgamento do caso no STF (Supremo Tribunal Federal), se desvincular do empresário Marcos Valério, atribuindo a ele a responsabilidade pelas operações consideradas ilícitas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

As defesas dos réus argumentaram que seus clientes ou faziam apenas aquilo que eram obrigados ou não tinham conhecimento de supostas irregularidades.

Os 11 ministros do Supremo ouviram isso dos advogados de Cristiano Paz e Rogério Tolentino, apontados na denúncia como os sócios de Valério, e de Simone Vasconcelos e Geiza Dias, respectivamente a então diretora e a gerente financeira da agência SMP&B, do publicitário.

Juntos com Marcos Valério, eles foram acusados de fazer parte de uma quadrilha responsável por negociar empréstimos nos bancos Rural e BMG e montar o esquema, idealizado pelo núcleo político (José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares), de distribuição dos recursos para partidos e parlamentares.

O advogado de Paz, Castellar Modesto Guimarães Filho, por exemplo, diz que seu cliente era e ainda é um publicitário de sucesso, responsável pela área de criação, sem qualquer ingerência na parte financeira da SMP&B, da qual era sócio de Valério. "Ele é um homem de criação", disse o advogado.

Já o advogado de Rogério Tolentino, Paulo Sérgio Abreu e Silva, argumentou que seu cliente nunca foi sócio de Marcos Valério, tendo sido apenas seu advogado por mais de 20 anos.

Tolentino foi acusado de ter tomado em seu nome um empréstimo no Banco BMG, com garantias dadas pelo Marcos Valério, de R$ 10 milhões.

Seu advogado, no entanto, afirmou que o empréstimo foi entregue, por meio de três cheques em branco, para Marcos Valério.

Os advogados de Simone Vasconcelos e Geiza Dias, por sua vez, insistiram na tese de que elas obedeciam ordens de Valério.

"Ela está me vendo agora e vai me perdoar. Ela era uma funcionária mequetrefe, Geiza cumpria ordens", disse Abreu e Silva, que além de Tolentino também fez a defesa de Geiza.

Já o advogado de Simone, Leonardo Yarochewsky, argumentou que ela trabalhava num andar conhecido como "porão" e que ser diretora não tem grande relevância numa agência.

Leia mais

• Condenar José Dirceu é atacar a Constituição, afirma defesa
• Gurgel pede prisão imediata de condenados no mensalão
• Réus perdem a 1ª votação do mensalão no Supremo
• Mensalão não foi provado, afirmou Toffoli a tribunal
• Receita cobra R$ 64,4 milhões de acusados no mensalão