Dívida de Marcos Valério com bancos supera R$ 83 mi

Belo Horizonte - A dez dias do início do julgamento do mensalão, Marcos Valério e seus ex-sócios devem na Justiça pelo menos R$ 83 milhões que saíram dos bancos Rural e BMG para abastecer o PT e partidos aliados em 2003 e 2004.

A reportagem teve acesso aos processos no Tribunal de Justiça de Minas em que os bancos cobram a dívida.

Um de R$ 17,4 milhões, por exemplo, foi parar no arquivo no mês passado.

Em outro, de R$ 38,4 milhões, Valério deu até agora apenas dois carros, que somam R$ 120 mil. Mais dois processos, num total R$ 27,5 milhões, estão parados. A avaliação, segundo a reportagem apurou entre envolvidos no episódio, é a de que a dívida jamais será paga.

Operador do mensalão

O julgamento começa no dia 2 de agosto no STF (Supremo Tribunal Federal).

Apontado como operador do mensalão, Valério alega que pegou o dinheiro a pedido do PT e, para pagar aos bancos, cobra R$ 100 milhões do partido na Justiça.

Os bancos cobram Valério alegando que os R$ 83 milhões são empréstimos a ele.

A Procuradoria-Geral da República diz, entretanto, que a cobrança da dívida faz parte de uma estratégia para dar legitimidade aos empréstimos, que os procuradores consideram fraudulentos. A discussão é um dos principais embates no entre defesa e acusação.

A Procuradoria diz que o grosso do dinheiro que abasteceu o mensalão foi desviado do Banco do Brasil e da Câmara dos Deputados, que tinham contratos com agências de Valério.

A defesa nega. Segundo a Procuradoria, os bancos liberaram o dinheiro em troca de receber benefícios do governo.

Resposta

O Banco Rural e o BMG afirmam que os empréstimos são verdadeiros e que, por isso, cobram a dívida na Justiça.

As instituições bancárias disseram ainda, por suas assessorias de imprensa, que estão em busca de bens a serem penhorados.

O advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, argumenta que, além de cobrar do PT os valores, o seu cliente não tem como pagar as dívidas porque, após o escândalo do mensalão, suas empresas perderam os contratos.

Já a direção do PT afirmou apenas que pagou os empréstimos que fez diretamente aos dois bancos.

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