21/05/2017

Meu último Dia das Mães na escola

Cristiane Gercina
do Agora

Eu sou uma mãe que não chora nas homenagens da escola. Em geral, fico muito preocupada se as meninas estão fazendo tudo corretamente, se estão bem posicionadas, se aprenderam a coreografia e se sabem cantar a música. Sento-me na frente, esperando que elas saibam que eu estou ali e, quando posso, dou toques: "Filha, vá mais para a esquerda", "Olhe para a frente", "Tenha postura", "Sorria", "Endireite as costas" e por aí vai. Sou estilo mãe chinesa. E elas sabem disso.

Na última homenagem da escola, no sábado, dia 13, foi diferente. Mas havia algo de doído e de bonito no ar. Era a última vez que a minha filha mais velha participava dessas homenagens na escola. Ela está crescendo, e isso não será mais parte de seu dia a dia escolar.

Fiz o último vídeo e a última foto, mas o que se passou na minha cabeça foi um filme de primeiras vezes. A primeira vez que ela entrou na escola, que andou, que falou uma palavra, que se sentou quietinha ao meu lado para tomar café em uma cafeteria, que leu um livro sozinha, que chorou com um filme no cinema..

No fim da apresentação, ela me deu um tchau e voltou para o "camarim", andando com graça, quase desfilando. Feliz por ter dançado bem, com a postura ereta, o sorriso no rosto e a sensação de pertencimento. Eu acertei na legging preta que ela queria. Eu acertei no tom da blusinha laranja. Eu acertei como mãe. Acertei por estar ali, acertei por ter escolhido parir.

Naquela rápida despedida, enquanto ela me sorria, pensei no quanto estes dez primeiros anos passaram voando –coisa que meu marido sempre me disse que aconteceria– e em quantas emoções ainda viverei nos próximos dez anos.

Lembrei da primeira homenagem do Dia das Mães, do quanto ela gosta de nadar, da mudança para São Paulo, da nova escola, da espera pela irmã caçula e do amor que se cultiva a cada dia.

Aquela pré-adolescente que andou tão segura de si não traduz nada do que eu era há dez anos, quando ela nasceu, com tanta insegurança materna. Ela me deu tchau e entrou pela porta da escola, e eu, que não choro nas homenagens, chorei.

Dica de leitura

Às vezes, as crianças não entendem por que a mãe uma hora é legal, e em outra, chata.

O livro "Mamãe Bela, Mamãe Fera", de Marta Lagarta (ed. Prumo, a partir de R$ 18,90), é uma forma divertida de mostrar para os filhos que, assim como todo o mundo, a mãe também tem altos e baixos.

Cristiane Gercina, 37 anos, é mãe de Luiza, 10, e Laura, 4. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é editora-assistente de Grana do Agora. É apaixonada pelas filhas e por literatura.

Quem quiser fazer sugestões, enviar ideias e dividir experiências pode mandar um e-mail para cristiane.gercina@grupofolha.com.br. Dúvidas e dicas também são bem-vindas.

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