O poeta da guerra

Meses após ter recebido o Prêmio Pulitzer de ficção, o livro "Toda Luz que Não Podemos Ver" (R$ 39,90, 528 págs., Intrínseca) continua encantando novos leitores e é um fenômeno também entre os brasileiros.

Na obra, o escritor norte-americano Anthony Doerr lança, de forma poética e original, um novo olhar sobre a Segunda Guerra Mundial.

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Ao alternar a narrativa da vida de duas crianças de nacionalidades diferentes e dar saltos de tempo a cada capítulo, Doerr cria uma expectativa que torna difícil largar o livro.

Ao descrever com delicadeza o ponto de vista delas sobre o início do conflito, o autor extrai elementos universais da existência humana que estão além de tudo o que podemos ver.

Ela é Marie-Laure, uma garotinha francesa que acabada de perder a visão e vive em Paris com o pai, chaveiro do Museu de História Natural.

Passa seus dias lendo clássicos em braile e explorando o acervo do museu. Ele é o alemão Werner, que vive com a irmã mais nova em um abrigo para órfãos, em uma região de minas na Alemanha.

É apaixonado por engenharia e, aos dez anos, o menino já é capaz de montar e desmontar rádios, o que desperta a atenção da vizinhança.

É assim que Werner consegue o convite para fazer o teste de uma conceituada escola pública nazista. E é assim que ele se vê envolvido diretamente no conflito, quando é aceito e passa a trabalhar na captação de transmissões de rádio, enquanto Marie-Laure foge de Paris.

Um destaque especial ao personagem do menino Frederick, que possui sensibilidade e caráter conflitantes com a barbárie que acontece durante a guerra – seja ela a passada ou as presentes.

Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa. No Agora, é editora-assistente do caderno "Show!" - vivian.masutti@grupofolha.com.br

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