Sherlock belga

Em ano de Copa, a editora Cia. das Letras marcou um golaço com a decisão de republicar a obra do escritor belga Georges Simenon (1903-1989).

• Clique aqui e confira capítulo do livro "Pietr, o Letão"

• Clique aqui e confira capítulo do livro "O Enforcado de Saint-Pholien"

• Clique aqui e confira capítulo do livro "O Cavalariço da Providence"

Contemporâneo da autora britânica Agatha Christie (1890-1979), considerada a Dama do Crime, Simenon compartilhava com ela gosto e dom por costurar histórias de mistério com grande apelo popular.

Ambos seguiram os passos do pai do gênero, sir Arthur Conan Doyle (1859-1930), que criou, em janeiro de 1854, o lendário detetive Sherlock Holmes.

Se Agatha Christie, por sua vez, deu vida ao investigador Hercule Poirot e à sagaz agente amadora Miss Marple, Simenon foi o responsável por colocar no mundo da ficção a graça do inspetor Maigret, presente em 75 romances e 30 contos.

O primeiro deles, "Pietr, o Letão" (R$ 24, 168 págs.), está entre os relançamentos e apresenta o principal talento do comissário francês: sua capacidade de compreender a natureza humana.

Apesar das frases curtas, dos capítulos breves e da fluência dos diálogos, Simenon nem sempre é uma leitura simples.

Os enredos engenhosos e a riqueza na descrição dos detalhes exigem atenção para não se perder. Ao leitor é dado o papel de interpretar trechos não ditos (muito raro ultimamente).

As sequências "O Enforcado de Saint-Pholien" e "O Cavalariço da Providence" saem pelo mesmo preço e mantêm a qualidade.

Editor da Companhia das Letras e responsável pela republicação da obra de Simenon, Flavio Moura destaca o cuidado com o qual o projeto chega às livrarias.

"Vamos publicar toda a obra do Simenon em ordem cronológica. Será algo para colecionadores, mesmo. A intenção é lançar todos os 75 livros com o Maigret e os 40 sem ele, que têm outro estilo", conta. Também está nos planos da editora organizar os contos do escritor.

"Estamos refazendo toda a tradução dos livros, para trazer a linguagem do Simenon, da França dos anos 1930, para os dias atuais", completa Moura, que demonstra ser fã do detetive francês.

"Nos livros, a gente nota uma diferença entre o Sherlock e o Maigret que é fundamental. Enquanto o Sherlock desvendava quebra-cabeças, a investigação do Maigret se dá pela busca do motivo pelo qual a pessoa matou, o que dá profundidade psicológica ao criminoso", finaliza.

Vivian Masutti, 28 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras pela Universidade de São Paulo - vivian.masutti@grupofolha.com.br

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