Traição e polêmica

Até Paulo Coelho se rendeu ao fenômeno da literatura erótica. Pegando carona nas descrições picantes de livros como "50 Tons de Cinza", o escritor brasileiro, que atualmente mora em Genebra, na Suíça, escreveu o ousado "Adultério" (R$ 24,90, 240 págs., Sextante).

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Na obra, a traição antecipada pelo título é descrita com excesso de detalhes e sem a devida dose de elegância (não que todos os escritores a tenham, muito pelo contrário).

Linda é uma bem-sucedida jornalista de 31 anos, cuja vida reflete o significado de seu nome: dois filhos saudáveis e um marido milionário. Mas... Eis o trunfo dos que acreditam que dinheiro não traz felicidade: Linda fica depressiva, chora sozinha, sente um vazio no peito e uma vontade inexplicável de trair o marido dos sonhos com um antigo namorado.

Sobre esse enredo, Paulo Coelho escreveu uma trama que, como tantas outras, acertou em cheio o gosto de seus leitores e logo atingiu o topo das listas de livros mais vendidos.

Além de explorar os elementos eróticos, tão na moda ultimamente, o escritor ainda faz uso de um crime tão antigo quanto a história da literatura: o adultério. Se a dúvida em relação à traição de Capitu deu popularidade e eternizou a história de "Dom Casmurro" (1899), clássico de Machado de Assis (1839-1908), o mesmo não se pode dizer do livro do nosso contemporâneo.

"Adultério" será esquecido tão rapidamente quanto foi vendido nas últimas semanas.

Não há nada de novo no drama de Paulo Coelho. Mas entretém e, simples, ajuda a atrair cada vez mais leitores para o mágico mundo da literatura.

Portanto, se você nunca leu o escritor, leia. Depois, vá além.

Vivian Masutti, 28 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras pela Universidade de São Paulo - vivian.masutti@grupofolha.com.br

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