Cristo Redentor completa 80 anos em meio a disputa

Por trás da expressão serena do Cristo Redentor, que completa 80 anos na próxima quarta-feira, herdeiros dos que desenharam e construíram o monumento travam batalha por direitos autorais e de imagem.

De um lado, parentes de Paul Landowski, escultor morto em 1961, dizem que o francês é o único autor da estátua, esculpida em Paris e depois concluída no Rio.

Do outro, Bel Noronha, bisneta do engenheiro Heitor da Silva Costa, responsável pela construção do monumento, diz que ele, morto em 1947, foi autor e idealizador e que contratou Landowski para fazer só as mãos e a cabeça da estátua.

No meio da disputa está a Arquidiocese do Rio, que encomendou a estátua a Costa nos anos 1920 e detém os direitos de imagem.

A disputa veio à tona com as investidas recentes dos Landowski em cobrar por reproduções do Cristo. "Há essa lenda de que o Cristo é feito por um francês e presente da França", diz Bel Noronha.

Claudine Dutra, diretora jurídica da Arquidiocese, diz que os herdeiros também já disputaram os direitos com a Igreja Católica. "Landowski nunca veio ao Brasil, esses direitos são da arquidiocese", diz Claudine. "A arquidiocese nunca cobrou pelos direitos, é essa família que resolveu ganhar dinheiro.

De Paris, Frédéric Jerôme, encarregado dos Landowski para resolver a questão, diz que não se trata de uma briga por lucro. "Costa era só um engenheiro, não artista, Landowski é quem fez a estátua", diz. "Não se pode destituir o artista de sua propriedade, mas não é uma questão de dinheiro e sim de legitimidade."