Meteorologistas amadores caçam frio

Os boletins de Narciso Vernizzi (1918-2005), o conhecido "homem do tempo" da rádio Joven Pan, desde criança chamavam a atenção de João Tucci, 32 anos.

Sempre acompanhando o tempo, o economista conta que ficou muito feliz com as primeiras semanas de frio intenso deste ano. Frio esse que, após uma trégua de pouco mais de uma semana, voltou, mesmo que mais fraco, neste fim de semana.

"Podemos dizer que vivenciamos um inverno parecido com os dos anos 80. Há um tempo não fazia uma sequência de dias frios assim", afirma João Tucci, que é "meteorologista" amador.

O gosto pela previsão do tempo fez Tucci perder as contas de quantos termômetros comprou na vida.

Apesar de amador, o economista tem duas estações meteorológicas profissionais. Uma fica na Vila Madalena (zona oeste de SP), onde mora, e outra, em Campos do Jordão (181 km da capital), na fria serra da Mantiqueira.

Temperatura

Em São Paulo, pelas medições que Tucci realizou no mês passado na região do Morumbi (zona oeste de SP) --antes de se mudar de casa--, a temperatura média registrada ficou 1,5 °C abaixo do que é considerado normal para essa época do ano.

Apesar de adorar frio, de acompanhar a chegada de frentes frias e de fazer medições de temperatura, o economista afirma que optou por não ser um profissional da meteorologia.

"Eu achava que não era uma carreira muito promissora", afirma Tucci, que atualmente trabalha no setor bancário em São Paulo.

Internet

A tese do inverno de mais de 20 anos atrás é discutida com fervor no fórum chamado "Abaixo de Zero", que Tucci administra com outros colegas na internet.

O espaço virtual tem mais de 280 pessoas cadastradas, no total. Quase todas são amantes da medição do tempo amadores.

Outra comunidade na internet, a do "Sul do País", onde o espaço surgiu, é sempre muito ativa.

"Concordo com a tese do inverno 'à la anos 80'", diz Evandro Alves, 32 anos, outro membro do fórum.

"Em 1985 e em 1988, o frio foi muito forte aqui em casa [ele mora em Itapevi, na Grande São Paulo]. A roupa chegou a congelar no varal", afirma Alves, que é guarda-civil municipal na cidade em que mora.

Todo dia, às 6h30, ele vai para o quintal de sua casa, antes do trabalho, medir as temperaturas em seu termômetro, abrigado por uma estrutura de madeira.

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