13/01/2011

Teresópolis é devastada e soma 130 corpos

Folha de S.Paulo

RIO - Uma madrugada de chuva torrencial --mas prevista pelos institutos de meteorologia-- trouxe destruição e morte jamais vista à região serrana do Rio de Janeiro.

Nas cidades de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo 271 corpos já haviam sido encontrados até a conclusão desta edição --130 em Teresópolis, 107 em Nova Friburgo e 34 em Petrópolis.

O número --que já é bem maior do que o registrado em Angra dos Reis há um ano, quando 52 pessoas morreram-- deve aumentar, pois há regiões onde as equipes de socorro ainda não conseguiram chegar. Nunca no país tantas pessoas morreram devido à chuva nos últimos 44 anos.

Em Teresópolis, a destruição atingiu pessoas de todas as classes. Às margens da estrada que leva ao bairro Campo Grande, corpos enlameados aguardavam uma remoção. A reportagem contou quatro corpos, entre eles o de uma criança.

Moradores relatavam que mais acima, onde não era possível chegar de carro, mais corpos se amontoavam. Apenas helicópteros conseguiam chegar para o resgate.

Telhado

O rio que corta o bairro transbordou e arrastou o que estava no caminho. Do alto do telhado de sua casa, o aposentado Juaci da Ponte Rabelo, 65 anos, perdeu a conta dos corpos que viu passando.

"Ficamos no telhado até a chuva passar. Passava tudo: carro, bichos, corpos. Rezamos para que o telhado não caísse porque senão todos iríamos morrer", disse.

A chuva começou por volta das 2h. O estrondo de árvores sendo arrancadas do chão despertou os moradores de dezenas de bairros.

No bairro Caleme, faróis de motos e celulares serviam para ajudar no resgate, que começou a ser feito pelos próprios moradores. Como ambulâncias não conseguiam chegar, os feridos eram levados em picapes.

Igreja

Os corpos eram guardados em uma igreja, identificados por uma folha de papel com o primeiro nome.

Os carros que não estavam virados de cabeça para baixo e cheios de lama ficaram presos no alto de muros. Durante todo o dia pessoas reviravam a lama em busca de sobreviventes ou de corpos.

Único hospital de Teresópolis com heliponto, o São José, com 128 leitos, suspendeu todos os atendimentos eletivos para receber apenas vítimas da chuva.

Cabral e Dilma

O governador do Rio, Sérgio Cabral, pediu ajuda federal e recebeu apoio da Marinha. Em viagem de férias ao exterior desde sábado, Cabral deve estar de volta hoje cedo.

A presidente Dilma Rousseff sobrevoa hoje as áreas. Ela liberou R$ 780 milhões para os Estados atingidos pelas fortes chuvas.

O vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, sobrevoou ontem a região e disse ter ficado impressionado com a destruição. "Nunca vi nada igual, nem mesmo nos deslizamentos em Angra, no ano passado", disse Pezão.

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