29/07/2009

Vizinha morre após ter contato com bebê doente

Adriana Ferraz
do Agora

Pela primeira vez, o vírus da gripe suína matou duas vizinhas. Os casos aconteceram em Diadema (ABC). Depois do registro da primeira morte, um bebê de um ano e meio, a Secretaria Municipal da Saúde confirmou que a vendedora Everaldina Jesus Morato, 56 anos, também foi vítima, em um espaço de nove dias.

As casas de ambas as famílias são grudadas e o contato entre os moradores sempre foi diário. "Pode ser que minha mãe tenha pego a gripe dela [a bebê] ou que as duas tenham sido infectadas por outra pessoa conhecida. O fato é que a morte dela poderia ter sido evitada", diz Arnaldo Morato Filho, um dos quatro filhos da vítima.

Para a família, o diagnóstico da gripe A (H1N1) foi tardio, assim como o tratamento específico --os médicos não teriam considerado o fato de a vizinha da paciente ter morrido com a doença como agravante ou risco. A vendedora começou a sentir os sintomas no último dia 19. Os filhos procuraram atendimento no dia seguinte, na UBS (Unidade Básica de Saúde) Paineiras.

"Ela foi medicada com sintomas da gripe comum. Fez exame de sangue, inalação e foi liberada", conta. "Na quarta [22], fomos encaminhados para o Quarteirão da Saúde [centro médico da cidade] e o raio-X mostrou que ela estava com pneumonia."

Apesar do quadro, Everaldina não foi internada nem passou a tomar o Tamiflu --remédio indicado para a gripe suína. Os médicos receitaram inalação e injeções de antibiótico. "Na quinta, voltamos à UBS, fizeram novo raio-X e aí pediram a internação."

A saga da família continuou. Sem vaga no Hospital Estadual Mário Covas --referência na região para tratamento da gripe no ABC--, a vendedora foi novamente levada para o Quarteirão da Saúde, onde foi internada na manhã do dia 23. A transferência só ocorreu à noite.

"Mesmo assim, tive de chamar a polícia. Quando chegamos ao Mário Covas, ela foi para uma sala de triagem. Só depois que os policiais chegaram é que ela subiu para a UTI." Com o quadro grave, a paciente morreu na madrugada de sábado, após duas paradas respiratórias.

Resposta
A prefeitura de Diadema afirma que seguiu todo o protocolo médico estabelecido pelo Ministério da Saúde. Em nota, a administração assegura que Everaldina fez todos os exames e assim que a suspeita de gripe foi levantada, a paciente foi encaminhada para a unidade de referência.

A prefeitura também informa que os familiares dela estão sendo monitorados. A Secretaria de Estado da Saúde diz que ela foi atendida assim que deu entrada no hospital Mário Covas.

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