29/06/2009

SP perde 207 ônibus e ganha 220 mil passageiros

Bruno Ribeiro e Folha de S. Paulo
do Agora

A frota do transporte público da capital perdeu 207 ônibus e ganhou mais de 220 mil passageiros neste ano em que a gestão Gilberto Kassab (DEM) promete manter a passagem congelada em R$ 2,30.

O cenário, de um lado, é um ganho de produtividade (ganha-se mais com mais usuários; gasta-se menos com menos veículos), comemorado por viações e perueiros para compensar a promessa do prefeito de não subir a tarifa.

De outro, indica a piora do conforto para os usuários, aumento da superlotação e da demora para o coletivo passar no ponto, segundo avaliam especialistas e operadores. A queda de 1,4% (média entre janeiro e maio), numa frota de 15 mil veículos aptos para uso, e a elevação de 2,9% no número de passageiros ocorrem em meio à insatisfação dos paulistanos com o serviço.

Em 2008, a aprovação dos ônibus foi de 40%, a mais baixa da década, conforme pesquisa da ANTP (associação de transportes públicos).

Enquanto o bilhete do metrô e dos trens tem reajuste anual (custa R$ 2,55 hoje), a dos ônibus se mantém em R$ 2,30 desde o final de 2006.

Além disso, Kassab concedeu incentivos, como a ampliação em uma hora do tempo de uso do Bilhete Único.

Já a redução da frota está ligada a itens como a aposentadoria de ônibus velhos sem a total reposição por novos.

A elevação do número de passageiros e a queda na frota ocorrem principalmente nas lotações --operadas por perueiros que trabalham com ônibus pequenos (micro-ônibus e miniônibus).

A diminuição das lotações acontece porque os perueiros rodam mais na periferia, principal alvo de benefícios. De um ano para cá, a frota dos perueiros diminuiu 2,1% --enquanto suas catracas receberam 7,3% mais usuários.

Os problemas levaram à abertura de uma investigação do Ministério Público. O promotor Saad Mazloum até abriu um blog www.onibus.blog.br para receber reclamações.

Resposta
A gestão Gilberto Kassab (DEM) diz que, apesar da queda da frota nas garagens, as empresas e os perueiros não têm reduzido a quantidade de ônibus nas ruas.

Afirma que os operadores devem cumprir um número diário de partidas e que, quando isso não ocorre, ficam sujeitos a multa. Diz ainda que os veículos novos que substituíram os antigos tem capacidade superior.

O SP Urbanuss (sindicato das empresas de ônibus) disse que "a redução [da frota] não foi abrupta e sim verificada ao longo do período [de janeiro a maio]".

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