3 transplantados de Elóa se encontram em SP

Quatro meses após receberem os órgãos de Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, morta em outubro após ser baleada na cabeça pelo ex-namorado, os transplantados estão recuperados das cirurgias e afirmam ter vida nova.

Três dos sete receptores dos órgãos da estudante se encontraram ontem pela primeira vez em um evento sobre transplantes de órgãos da Secretaria de Estado da Saúde.

Maria Augusta dos Anjos, 39 anos, foi quem recebeu o coração de Eloá. "Eu nunca tinha corrido. Recentemente, corri pela primeira vez ao atravessar a rua. Não senti nada", relata.

Maria sofria de problemas cardíacos desde criança, com fraca circulação sanguínea. "As pontas dos meus dedos ficavam roxas. Eu sofria física e emocionalmente." Maria conta orgulhosa que consegue subir e descer sozinha as escadas do prédio onde mora. O sonho é nadar e correr. "Cresci no meio de rios. Via meus irmãos nadarem e eu não podia." Ela é de Ananindeua (Pará) e entrou na fila do transplante em 2006.

Quem recebeu o pâncreas e um dos rins de Eloá foi o técnico em mecânica Emerson Gentil Dardes, 25 anos, de Guarulhos (Grande SP). Ele diz estar curado da diabetes, que o perseguiu por 13 anos. "O pâncreas resolveu o problema da diabetes e o rim, a questão da hemodiálise", afirma.

Emerson se orgulha de poder beber quanta água quiser. "Antes eu tinha de tomar pouco líquido por causa do rim. Agora preciso tomar bastante para colocá-lo em funcionamento." Ele esperou pelos órgãos por três anos.

Apesar de ter sofrido um problema na transparência da córnea que recebeu de Eloá, a recepcionista Lívia Amodio Novais, 28 anos, afirma que se recupera bem. "No primeiro momento, o médico pensou que fosse rejeição, mas depois confirmou que não era", conta. Ela tem dificuldade de enxergar em ambos os olhos, mas a visão esquerda apresentava mais problemas. Por isso, precisava do transplante. "Agora já consigo enxergar", diz.