Operação contra o bicho usa até rapel

Rio - Em uma operação contra o jogo do bicho, policiais civis usaram um helicóptero e desceram de rapel ontem pela manhã na cobertura de Aniz Abrãao David, o Anísio, presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, em Copacabana (zona sul do Rio).

A ação, batizada de Dedo de Deus, foi em vão: ele não estava em casa. Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho da Imperatriz Leopoldinense, Hélio Ribeiro de Oliveira, presidente da Grande Rio, e o patrono da escola, Jaider Soares, apontados pelo Ministério Público estadual como donos dos pontos de jogo do bicho em diferentes municípios do Rio e outros grandes alvos da operação, também escaparam.

Promotores suspeitam de vazamento da operação. Na casa de Helinho, um advogado já esperava a chegada dos policiais. Drummond teria pego um voo no aeroporto Santos Dumont na 4ª feira.

Até o início da noite, 43 pessoas haviam sido presas no Rio, Pernambuco, Maranhão e Bahia. Entre elas, o ex-prefeito de Teresópolis, Mario Tricano, dois PMs e um guarda municipal.

Cerca de R$ 500 mil foram apreendidos, sendo R$ 115 mil no barracão da escola de samba Beija Flor, na Cidade do Samba, zona portuária da capital. A polícia também apreendeu oito carros de luxo. Entre eles estão quatro Mercedes blindadas de Anísio, um Cadillac SRX4 e um Range Rover, de Drummond.

Tecnologia

De acordo com as investigações, os bicheiros passaram a adotar um sistema eletrônico, usado no Rio, Belém (PA), Brasília, Prudentópolis (PR), Caçapava (RS), Alegrete (RS) e Ji-Paraná (RO).

A tecnologia permitia o acompanhamento em tempo real das apostas. Há suspeita de que eles manipulavam o resultado dos jogos para limitar o número de vencedores, além de participação em homicídios, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro.

Resposta

A polícia informou que o advogado de Anísio, Ubiratan Guedes, disse que seu cliente vai se entregar.

Guedes nega que ele tenha envolvimento com a máfia do jogo do bicho e dos caça-níqueis.

Já os advogados dos presos tentavam ontem ter acesso à denúncia do Ministério Público, e reclamavam não conseguir falar com os detidos.