Prefeitura deixa cobertores amontoados pelo centro

Desde a semana passada, o centro de São Paulo tem amanhecido com montanhas de cobertores usados por moradores de rua.

Ontem à tarde, no Pateo do Collegio, era difícil caminhar sem desviar das roupas e cobertas espalhadas.

A situação se repetia na Sé, nas principais ruas do centro, como a Boa Vista, e até na calçada oposta ao Theatro Municipal.

A falta de recolhimento das peças abandonadas é vista pelo jardineiro Rodrigo Carvalho, 33 anos, há três anos morador de rua, como uma espécie de "picuinha" da gestão Fernando Haddad (PT).

"Depois que ele foi pressionado a obrigar a GCM (Guarda Civil Metropolitana) a parar de tirar os cobertores, pararam de jogar fora até os os que são abandonados."

Após a morte de seis moradores de rua durante a recente onda de frio, o prefeito assinou um decreto na sexta-feira proibindo a GCM de retirar à força de moradores de rua pertences pessoais, carroças e itens considerados de sobrevivência, como colchões, cobertores e barracas.

A regra não impede que materiais sejam recolhidos se estiverem abandonados.

Resposta

A gestão Fernando Haddad (PT) culpou as doações pelo abandono de cobertores e roupas nas ruas do centro.

"O problema está ocorrendo em função da grande quantidade de cobertores distribuídos de forma voluntária e extemporânea nos últimos dias, o material foi tratado como descartável pelos eventuais usuários", afirmou, em nota, a Secretaria Municipal de Comunicação.

A pasta disse que a Subprefeitura da Sé está providenciando a coleta do material abandonado.

A gestão Haddad negou que o não recolhimento das roupas e cobertores se trate de uma retaliação.

No texto, afirma que as equipes da Guarda Civil Metropolitana e de zeladoria, após serem acusadas de ter concorrido para os óbitos, estão receosas de novas acusações "infundadas".

Disse ainda que está tranquilizando os servidores. Segundo a secretaria, um novo decreto foi publicado no sábado sobre o tratamento adequado à população de rua.

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