Corregedora perde o cargo após vídeo de escrivã
Folha de S.Paulo
Após a crise causada na Polícia Civil de São Paulo pela divulgação de vídeo em que uma escrivã é despida à força por integrantes da corregedoria, o secretário de Estado da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, exonerou ontem a delegada Marina Inês Trefiglio Valente do posto de corregedora-geral.
Maria Inês havia sido nomeada para o cargo pelo próprio Ferreira Pinto, em março de 2009. Foi a primeira mulher a chefiar o órgão.
O delegado Délio Marcos Montrezoro, que cuidava de processos administrativos na Corregedoria, comandará provisoriamente o órgão.
Maria Inês ficará na Delegacia-Geral Adjunta à espera de uma nova função. "Saio de cabeça erguida", afirmou.
Em junho de 2009, a escrivã foi alvo de ação da Corregedoria-geral no 25º DP (Parelheiros) sob suspeita de cobrar R$ 200 para favorecer um suspeito de portar munição.
A escrivã foi expulsa da polícia e tenta reverter a decisão. A Justiça ainda vai julgar a acusação de concussão.
O caso abriu uma crise na polícia. Na segunda-feira, após classificar o episódio como "grave", o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e Ferreira Pinto afastaram três dos quatro delegados envolvidos.
Na quarta-feira, durante a reunião do Conselho da Polícia Civil, Maria Inês foi pressionada a deixar o cargo por 5 de 23 delegados.
A reportagem apurou que a insatisfação atingiu o próprio Ferreira Pinto, responsável por colocar a Corregedoria sob o comando direto da secretaria, em agosto de 2009.
"Desde a vinda da Corregedoria para o gabinete, houve um salto de qualidade. Vamos seguir na mesma linha."
Ele negou qualquer tipo de pressão política para a saída de Maria Inês. "Ela saiu por causa da gravidade dos fatos que envolveram a operação contra a escrivã. Nada mais."
Apesar da crise aberta na Polícia Civil, ele também rejeitou estar pressionado. "Eu não sofro nenhum tipo de pressão aqui."
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