Polícia

28/11/2010

'Faltou pulso', diz pai de suspeito de agressão

Folha de S.Paulo

Pai de um dos cinco jovens que protagonizaram cenas de violência na Paulista há 15 dias, o ator e diretor de 43 anos (que juridicamente não pode ser identificado) escolheu um café na mesma avenida para falar à reportagem sobre as repercussões do episódio em sua família. Ele se sente culpado, acha que precisa colocar limites, mas defende o filho. "Ele é da paz, foi massacrado."

Agora - Como está seu filho?
Massacrado. Ele mal fala. É um homenzarrão, mas só chora. Nunca gostou de briga, é da paz. Estuda pela manhã, trabalha à tarde e sai no final de semana, como qualquer adolescente. Tem uma namorada.

Agora - Ele não é amigo dos outros agressores?
Ele conhece esses garotos da balada. Não são do mesmo colégio. Meu filho estuda em escola pública. Criou-se essa imagem que são todos burgueses, mauricinhos. Outros podem ser, mas não sei, não os conheço. Somos de classe média, ando de ônibus.

Agora - O que ele conta do episódio?
Não foi meu filho que pegou a lâmpada. Ele diz que escutou o barulho e viu a porrada comendo. Aparece no primeiro vídeo, mas se afasta. Cada um tem que responder pelo que fez. Erraram e vão pagar pelos seus erros. Pelo que vem passando desde o episódio, meu filho já está pagando. É uma lição como nenhuma outra.

Agora - E a questão da homofobia?
Isso não existe. Meu filho não é homofóbico. Sou do meio artístico, meus filhos foram criados com homossexuais dentro da minha casa. Vários amigos gays me ligaram e disseram que, se precisar, depõem a favor dele.

Agora - O que você tem a dizer às vítimas?
Desculpas. Lamento o ocorrido. Meu filho não tem preconceito.

Agora - Ele se envergonha de ter participado das agressões?
Ele está arrependidíssimo, morrendo de vergonha. Não saiu mais de casa. Ninguém acredita que um menino como ele poderia se envolver em algo assim.

Agora - Que questões o senhor se colocou como pai?
Várias. Como pai e como educador. Onde eu errei? Faltou limite? Eu devia estar mais presente?

*Agora - Já encontrou as respostas?
Tenho que rever muitas coisas. Quero impor mais limites. Faltou pulso. É aquela coisa de querer ser moderno demais e respeitar a liberdade deles. Temos que olhar mais com quem ele anda, andou.

Agora - Como lidou com a repercussão do episódio?
Quando ouço as pessoas falando do caso, dá vontade de dizer: "Não foi assim, calma". Vivi várias situações na rua, no ônibus, no metrô e até da parte dos meus alunos, onde dou aula.

Agora - Como foi entregar seu filho à Justiça na sexta-feira?
Foi um dia péssimo. É uma decisão muito difícil de ser tomada. Conversei com ele: "Vamos lá, apresente-se perante o juiz. Quem não deve, não teme". Ele começou a chorar. Não espancou ninguém, jamais faria isso.

Agora - Como é imaginar seu filho na antiga Febem?
Péssimo. Espero que de fato eles não fiquem com outros infratores. Fomos bem respaldados lá. Disseram que eles iriam ficar isolados. Meu filho não é marginal, traficante. Com essa coisa de grupo de classe média alta, temia-se pela integridade física deles lá dentro. Não vou dormir tranquilo enquanto ele estiver internado.

Agora - Como vai ser a rotina com o seu filho internado?
Espero que seja breve. Que isso dure no máximo uma semana.

Agora - Ele já fez terapia?
Ele vai precisar de acompanhamento de um psicólogo.

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