Acuado, governo da Grécia desiste de fazer referendo

Cannes (França) - O primeiro-ministro grego, George Papandreou, desmoralizado pelos líderes europeus e abandonado por seus ministros, desistiu do plebiscito que havia anunciado.

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Nessa situação de extrema fragilidade, o premiê pode ser derrubado hoje por um voto de confiança, o que abrirá caminho para mais alguns dias de incerteza.

Ontem, ao Parlamento, ele disse que não quer a reeleição e que não está "amarrado à cadeira".

A mídia grega especula com a possibilidade de que, por iniciativa do próprio Papandreou ou de quem vier a substitui-lo, seja formado um governo de unidade até a convocação de eleições.

O principal partido de oposição, Nova Democracia, está defendendo exatamente essa saída, o que, em tese, daria legitimidade ao novo governo para reafirmar aos europeus a plena adesão da Grécia ao pacote anunciado.

Por ele, a Grécia receberá um segundo socorro (130 bilhões de euros) e terá sua dívida renegociada com bancos --com vistas a obter uma dedução de 50%--, mas, em contrapartida, implementará cortes de empregos e medidas de austeridade.

Como é óbvio, a austeridade é impopular, razão pela qual Papandreou lançou o plebiscito, o que surpreendeu os líderes europeus.

Estes anunciaram anteontem que, até saber o resultado do plebiscito, não liberariam os 8 bilhões de euros da última fatia do primeiro pacote de ajuda, sem os quais a Grécia não conseguiria pagar as contas de dezembro.

A pressão europeia funcionou: os ministros da Saúde, dos Transportes, da Educação e da Agricultura abandonaram a ideia da consulta popular, acompanhados do mais importante ministro, Evangelos Venizelos, das Finanças --a quem compete executar os cortes.

Em nota, Venizelos criticou o premiê e disse que o que importa "é salvar o país".

O recuo de Papandreou devolve a crise europeia ao momento em que estava antes do G20, iniciado ontem, mas em condições ainda piores: o bloco ficou fragilizado.

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