Referendo na Grécia faz Bolsas do mundo caírem

Cannes (França) - A decisão repentina da Grécia de submeter a um referendo o pacote de resgate aprovado pelos líderes da União Europeia provocou ontem um turbilhão no mercado financeiro.

O principal temor dos mercados é que o pacote anticrise seja derrubado no referendo, levando a Grécia à moratória e ao abandono do euro, contagiando a região.

A Bolsa de Frankfurt fechou em queda de 5%, mas chegou recuar 6%. Em Paris, a Bolsa caiu 5,38%.

Na Itália --país cuja estabilidade é vista como um termômetro para o futuro da zona do euro--, a Bolsa de Milão recuou 6,80%.

As quedas não se restringiram ao mercado europeu. A Bolsa de Nova York fechou em baixa de 2,48% (índice Dow Jones).

Os negócios chegaram a reduzir as perdas no meio da tarde, com rumores de que o referendo não seria levado adiante, o que foi desmentido pelo governo grego.

A Bolsa de São Paulo também fechou em queda, de 1,7%. O dólar subiu 1,9% e fechou a R$ 1,737.

Reação

O presidente de turno do G20, Nicolas Sarkozy, respondeu ao pânico desatado dos mercados com uma convocação ao primeiro-ministro grego, George Papandreou, para participar da cúpula do grupo, que começa amanhã em Cannes.

É menos para dar explicações e mais para ser pressionado para que abandone a proposta do plebiscito.

Comunicado da Presidência francesa deixou claro o recado que Papandreou ouvirá: "A França e a Alemanha estão determinadas a assegurar, com seus parceiros europeus, a completa implementação, no prazo mais curto possível, das decisões adotadas na cúpula".

É uma alusão à cúpula europeia do último dia 27, que, entre outras medidas, determinou negociações com a banca para reduzir em 50% a dívida grega, em troca de um novo socorro, de 100 bilhões de euros.

Mesmo que Papandreou ceda à pressão e retire a proposta de plebiscito, já subverteu também a política grega. O Parlamento local vai discutir um voto de confiança no premiê.

Se Papandreou perder a votação, terá que renunciar.

Evitar o colapso exige que o premiê abandone o plebiscito e ainda ganhe o voto de confiança.

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