Kassab vai deixar o DEM e fundar novo partido

O prefeito Gilberto Kassab deixará o DEM até 30 de março, fundará um novo partido e, depois, patrocinará a corporação desta sigla ao PSB.

A decisão foi tomada em café da manhã na casa de Kassab, na última terça-feira, com o governador Eduardo Campos (PE) e o presidente do PSB em São Paulo, Márcio França -- secretário de Turismo de Geraldo Alckmin.

Para fundar a nova sigla, que Kassab pensa em chamar PDB (Partido Democrático Brasileiro), será preciso recolher 490.305 mil assinaturas e registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A definição encerra a polêmica sobre o futuro político do prefeito. Entendendo que no DEM não teria espaço para disputar o governo do Estado, Kassab negociava com o PMDB e o PSB um palanque para se candidatar em 2014.

Com a mudança, o atual partido de Kassab perderá cadeiras no Legislativo e no Executivo: deputados, senadores e vice-governadores prometem acompanhar o prefeito na nova jornada.

A baixa mais notável na política paulista será a do vice-governador Guilherme Afif Domingos, que já disse a interlocutores que não tem como deixar de apoiar o prefeito na mudança.

A saída de Afif do DEM promete conturbar o Palácio dos Bandeirantes. À reportagem, o vice-governador disse que não fechou a questão, mas reconheceu a possibilidade de sair da sigla. Afif diz que isso não comprometerá a aliança no governo de São Paulo.

"Sempre serei um elo conciliador, não importa em que partido estiver. Sou um fiel depositário da aliança [com o PSDB]", afirmou.

Na conversa com Eduardo Campos, que é presidente nacional do PSB, Kassab calculou que levará para o novo partido não só filiados do DEM, mas também de outras legendas. Além de Afif, o vice-governador da Bahia, Otto Alencar, do PP, também deve seguir o projeto de Kassab.

Toda a negociação aconteceu com o aval da presidente Dilma Rousseff. Ela foi consultada por Campos sobre a negociação com o prefeito paulistano, no início deste mês.

Sem punição

O novo partido será fundado para livrar de punições por infidelidade partidária os políticos que migrarem com Kassab. A legislação só permite a troca de legenda com a apresentação de uma "justa causa" e a criação de uma sigla é uma justificativa aceita pela Justiça Eleitoral.