Polícia Civil do Rio age contra delegado que colaborou com a PF

RIO - Após ser investigada em uma ação conjunta da Polícia Federal, do Ministério Público Estadual e da cúpula da Secretaria de Segurança, a Polícia Civil do Rio iniciou uma ofensiva contra um delegado da corporação que auxiliou na apuração que gerou a prisão de 30 policiais na sexta-feira.

O chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, fechou ontem a Draco/IE (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e de Inquéritos Especiais) para analisar inquéritos usados supostamente para extorquir empresários e funcionários de prefeituras.

Na sexta-feira, o ex-braço direito de Turnowski, Carlos Oliveira, foi preso na Operação Guilhotina, da PF, sob suspeita de ligação com milícias.

Turnowski afirmou ter recebido no domingo um dossiê com documentos e transcrições de gravações contra o delegado Cláudio Ferraz, chefe da Draco, que participou das investigações da Operação Guilhotina.

Turnowski afirmou que foram encontrados indícios de irregularidades na apuração de fraude em licitação da Prefeitura de Rio das Ostras.

Entre os documentos que Turnowski diz ter recebido consta a abertura de um inquérito de 2008, assinado por Ferraz. No cartório da delegacia, o documento indica o arquivamento da investigação. A suspeita é de que agentes fraudaram o primeiro documento para pressionar empresários a pagar propina.

Turnowski disse ainda ter recebido transcrição de escuta da PF na qual fala-se sobre o pagamento de "merenda" a agentes da Draco para que não investigassem a máfia da pirataria de São Paulo.

"Há fortes indícios de corrupção aqui na Draco. Eu o exoneraria", disse Turnowski. Dias antes da operação, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, havia retirado a Draco da estrutura da Polícia Civil e a colocado ligada a ele. Beltrame não se pronunciou. Cláudio Ferraz disse que a busca feita na unidade é "um constrangimento".

Leia mais

• Rio prende 27 policiais acusados de crimes