Papa cobra ação de bispos contra o aborto

O papa Bento 16 disse ontem em Roma que é dever dos bispos brasileiros intervir na campanha política para condenar o aborto. O pontífice afirmou ainda que a descriminalização desse procedimento representa uma traição aos ideais democráticos.

Falando a bispos do Maranhão que lhe faziam a visita quinquenal em que relatam os problemas da diocese, o papa foi direto: "Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas".

O pontífice continuou qualificando o aborto e a eutanásia como ações "intrinsecamente más", cuja descriminalização compromete a democracia, e acrescentou: "Portanto, caros irmãos no episcopado, ao defender a vida não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo".

A rigor, nenhuma das posições defendidas pelo papa é nova. Entretanto, ao recapitular esses pontos numa mensagem direta a bispos brasileiros a três dias de um segundo turno fortemente marcado pela discussão do aborto, o pontífice dá a seu discurso um conteúdo político que, pelo menos em relação ao Brasil, é inédito --na Itália, interferências do pontífice já se tornaram uma tradição.

A presidenciável petista Dilma Rousseff ficou etiquetada como a candidata que defendia o aborto no país e, que depois, mudou de ideia.

Em seu discurso, Bento 16 também abordou outros dois temas presentes nas disputas católicas: o ensino religioso nas escolas da rede oficial e a presença de crucifixos em espaços públicos, como em tribunais. "Por isso, amados irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa", declarou.

Em agosto, a Procuradoria-Geral da República entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal) questionando o ensino religioso de caráter confessional nas escolas públicas.

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