Desistência de Roriz deixa Ficha Limpa indefinida

BRASÍLIA - A nove dias das eleições e com o risco de ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, o candidato ao governo do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) decidiu retirar sua candidatura e lançou sua mulher, Weslian, na disputa.

A decisão compromete o julgamento da lei no STF (Supremo Tribunal Federal), que durou mais de 15 horas e rachou o Supremo em torno da validade da legislação para este ano. A votação terminou empatada em 5 a 5 e o tribunal resolveu suspender o julgamento anteontem.

Como Roriz saiu da disputa, o processo será extinto no tribunal, como confirmaram pelo menos quatro ministros ouvidos pela reportagem.

O STF terá agora que aguardar um recurso de outro candidato para retomar a discussão e se a Ficha Limpa vale ou não para este ano. O tribunal volta a se reunir na quarta.

Os ministros terão de decidir se precisarão começar todo o debate do zero ou se poderão utilizar aquilo que já foi discutido quando o novo caso chegar à corte.

Segundo o advogado da coligação de Roriz, Eládio Carneiro, a desistência do recurso foi pedida na noite de ontem. "Nós desistimos. O julgamento da Ficha Limpa agora está nas mãos do estrelismo de cinco ministros do Supremo."

Já existem dois políticos barrados pelo TSE que apresentaram recurso para que o caso seja analisado pelo STF --a candidata ao Senado Maria Abadia (PSDB-DF) e o candidato a deputado estadual Francisco Chagas (PSB-CE).

Mesmo que o Supremo decida aproveitar a discussão já feita, o impasse permanece. Para desempatar, há duas possibilidades: esperar o presidente Lula escolher o 11º ministro, cuja cadeira está vaga, ou encontrar uma solução interna, como um dos membros do tribunal mudar de opinião --menos provável.

Até lá, os candidatos enquadrados na Lei da Ficha Limpa vão poder concorrer _sob o risco de não serem diplomados ou empossados se o STF vier a aplicar a lei.