Avião que caiu tinha excesso de passageiros

MANAUS - O avião Bandeirante Emb-110, fabricado pela Embraer, que caiu anteontem no rio Manacapuru, na Amazônia, matando 24 pessoas, levava mais passageiros do que previa a capacidade máxima registrada para a aeronave na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Ontem, com a ajuda de uma balsa e um trator de esteira, a aeronave foi içada à superfície, onde peritos da Aeronáutica começaram a investigar as possíveis causas do acidente.

Os quatro sobreviventes foram atendidos com escoriações leves no Hospital Regional de Manacapuru e liberados em seguida. O avião foi fretado pelo empresário Omar Melo Junior na agência L Tur, de Coari, e o voo era de responsabilidade da Manaus Aerotáxi. Vinte e três pessoas eram convidadas de Junior para uma festa. Outras três embarcaram de última hora.

Considerando o piloto César Leonel Grieger, 47 anos, e o copiloto Danilson Cirino Ayres da Silva, 23, havia 28 pessoas a bordo, das quais, sete crianças, na contagem das equipes de resgate. Segundo a Aeronáutica, tanto o avião quanto a tripulação estavam com suas licenças em dia. O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Aeronáutica, vai investigar se o excesso de peso contribuiu para a queda do avião. Foi o maior acidente aéreo do país desde a queda do avião da TAM, em 2007, que matou 199 pessoas.

O vice-presidente da Manaus Aerotáxi, Marcos Pacheco, disse que a empresa "descarta totalmente" que tenha havido problemas de sobrepeso ou superlotação. Segundo Pacheco, a agência de turismo informou que o voo teria oito crianças de colo [de até dois anos] e 18 passageiros sentados. "Criança de colo não conta como passageiro", afirmou. Uma portaria da Anac permite um acréscimo de 30% de passageiros crianças com até dois anos. Mesmo que todas as crianças tivessem até dois anos, o número é maior do que o permitido.

No site da Anac está descrito que a aeronave tem capacidade para 19 passageiros. Já o site da Manaus Aerotáxi informa que cabem 16. A Embraer, fabricante da aeronave, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que cabe às autoridades determinar a capacidade da aeronave.

A Polícia Civil de Manacapuru abriu inquérito e começou ainda ontem a ouvir moradores que dizem ter testemunhado o momento da queda do avião. "O que ouvimos até agora é que o avião vinha baixo, chocou-se com a copa da árvores de uma ilha do rio Manacapuru e depois mergulhou na água", disse o investigador Roberto Teles, da delegacia local. Minutos antes de tentar o que parece ter sido uma tentativa de pouso forçado, o piloto havia solicitado à torre de Manaus autorização para retornar a Coari. A reportagem não localizou ontem, por telefone, nenhum representante da L Tur.

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