Programa do governo dá R$ 2 para tirar famílias da miséria

"Com R$ 2 não dá para comprar nem meio quilo de frango. Comprei um coco hoje com R$ 2", afirma Luiza Sousa, 51 anos, desempregada na cidade de Demerval Lobão, no Piauí.

Para o governo, ela e seus quatro filhos deixaram de ser "miseráveis" no fim de 2012, quando passaram a receber, cada um, R$ 2 mensais do programa Brasil Carinhoso.

Com esse programa, famílias já beneficiadas pelo Bolsa Família recebem um complemento financeiro para tecnicamente deixar a miséria. Segundo os critérios do governo, uma família com renda mensal de até R$ 70 por pessoa é "miserável".

Resposta

Programas de transferência de renda como o Bolsa Família e o Brasil Carinhoso se encontram em fase de "consolidação", de acordo com o governo federal.

O secretário nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, Luís Henrique Paiva, afirma que o número de famílias que recebem R$ 2 e o de que recebem valores acima de R$ 500 é muito pequeno quando considerado o total de 16,4 milhões de beneficiados pelo Brasil Carinhoso. O valor médio do Bolsa Família com o complemento do Brasil Carinhoso é de R$ 245.

Paiva diz que o governo Dilma Rousseff já alcançou resultados, como a redução pela metade da extrema pobreza na faixa contemplada pelo Brasil Carinhoso (famílias com crianças de até 15 anos).

Somente renda

O critério adotado pelo governo para definir quem é miserável leva em consideração apenas a renda das famílias. Desde maio de 2011, quando Dilma definiu que famílias com renda per capita de até R$ 70 seriam o público-alvo, o valor não foi corrigido. No mesmo período, porém, os preços dos alimentos aumentaram, em média, 12,45%, segundo cálculo da FGV (Fundação Getulio Vargas) feito a pedido da reportagem. O reajuste dos benefícios não está em discussão no momento, diz o governo.

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