PMs abordaram agente assassinado, diz testemunha

Goiânia - Testemunha da ação penal contra o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, o agente da Polícia Federal Fábio Alvarez Shor disse ontem que o colega Wilton Tapajós, morto na semana passada num cemitério de Brasília, foi abordado por policiais militares durante diligência da Operação Monte Carlo.

A apuração sobre a morte de Tapajós, que, assim como Shor, era agente da PF e trabalhou na operação --que levou à prisão do bicheiro-- não estabeleceu relação entre a morte e a operação, embora a hipótese de queima de arquivo tenha sido levantada pela polícia (que também suspeita de acerto de dívidas do morto).

Audiências da ação contra grupo do bicheiro começaram ontem, em Goiânia, e continuarão hoje, quando Cachoeira pode ser ouvido.

Shor disse que Tapajós foi abordado por PMs em missão de vigilância na casa de Sônia Regina de Melo, uma das 81 pessoas denunciadas pelo Ministério Público Federal.

A Procuradoria diz que Sônia, servidora da Delegacia Regional de Luziânia (GO), tinha o papel de cooptar policiais que dariam cobertura às ações do grupo de Cachoeira.

Segundo Shor, as diligências no local eram constantes, pois a casa era usada para encontro com policiais.

Ao ser abordado durante a vigília, Tapajós afirmou que estava lendo a Bíblia enquanto esperava seu chefe ligar. Os PMs, então, deixaram o local.

Shor disse que ele mesmo chegou a ser abordado por PMs em outra ocasião.

O agente disse que não era possível afirmar com certeza se a abordagem se deu a mando de alguém.