Governo admite tensão com aliados e vai liberar verbas

Brasília - Para tentar acabar com o que o próprio Palácio do Planalto definiu como um "momento tenso" na relação com partidos da base aliada, o governo federal decidiu abrir o cofre para liberar as emendas parlamentares.

Em reunião ontem com o vice Michel Temer (PMDB), a presidente Dilma Rousseff acertou que as liberações de emendas passarão a ser negociadas com os líderes do Congresso, a princípio em encontros semanais.

Dilma combinou que as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffman (Casa Civil) vão negociar com os congressistas para "casar" as liberações de recursos de seus interesses nos Estados com as prioridades do governo federal.

A primeira reunião das ministras será na próxima semana, com os líderes peemedebistas na Câmara, Henrique Eduardo Alves, e no Senado, Renan Calheiros.

Dilma acertou ainda que passará a ter mais conversas com seus aliados.

De acordo com assessores, a presidente entendeu o tamanho da insatisfação de sua base aliada --exposto pela rejeição anteontem, no Senado, da recondução de Bernardo Figueiredo a diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

A decisão representa problema prático para o governo, que terá de definir um técnico para assumir a ANTT.

Cabeça quente

Ontem, a presidente lamentou a rejeição e o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) reconheceu que o governo enfrenta um "momento tenso".

"A relação com a base requer que não se tenha a cabeça quente, que não se tenha reações imediatas, que se analise com muito cuidado cada um dos processos", disse Carvalho.

Apesar de ter ficado irritada com a derrota pessoal, a presidente, segundo assessores, decidiu que não irá "reagir nem retaliar" os partidos que a traíram --PMDB, PR, PTB, PDT e PC do B.

A votação foi secreta, mas a presidente pediu mapeamento de quais governistas votaram contra a indicação.