PMDB se rebela e rejeita indicação feita por Dilma

Brasília - Principal aliado do governo de Dilma Rousseff, o PMDB liderou ontem rebelião no Congresso que impôs uma derrota à presidente.

A ofensiva ocorreu no Senado, Casa em que o Planalto conta com maioria, que em votação secreta rejeitou a recondução de Bernardo Figueiredo, assessor de confiança de Dilma, para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres.

A rejeição a Figueiredo, que trabalhou com Dilma na Casa Civil, ocorreu por 36 votos a 31, com uma abstenção.

Ele é um dos responsáveis pelo projeto do trem-bala, com licitação prevista neste ano.

Na hora da votação, Dilma estava no Alvorada com as ministras Gleisi Hoffman (Casa Civil), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Miriam Belchior (Planejamento), que debatiam saídas para conter a insatisfação dos aliados.

Dilma demonstrou surpresa, pois havia dito ao vice-presidente Michel Temer --presidente licenciado do PMDB-- que, na volta da viagem à Alemanha, trataria das insatisfações da sigla.

O governo atribuiu a derrota, principalmente, a três partidos de sua base: PMDB, PDT e PR.

Segundo essa avaliação, a quase metade da bancada peemedebista no Senado, que tem 18 senadores, decidiu dar um troco.

O PMDB está insatisfeito com a concorrência do PT nas eleições municipais e com a distribuição de cargos no governo federal.

O PDT e PR se queixam de não terem indicado os ministros que queriam para Trabalho e Transportes.

"A gente tem que entender o recado", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi um dos articuladores da rebelião. Normalmente, porém, ele não teria influência decisiva sobre seus pares.

Segundo o Planalto, o articulador teria sido Renan Calheiros (PMDB-AL). Mas dentro da sigla há o discurso de que ele não conseguiu controlar os colegas.