Ministro, que deve sair hoje, ignora ordem do Planalto

Brasília - O ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP) --que anunciou ontem a aliados a intenção de pedir demissão do cargo hoje--, descumpriu uma ordem do Palácio do Planalto e privilegiou aliados na alocação de verbas de sua pasta.

Contrariando planilha do governo, o ministro reservou em 2011 valores a mais para obras incluídas no Orçamento da União para deputados da ala do PP que o apoiam.

Negromonte comunicou ontem o seu grupo político no PP que pedirá demissão do cargo hoje, saída antecipada pela reportagem no sábado.

A decisão será informada à presidente Dilma Rousseff. "Ele disse que tomou a decisão por questão de foro íntimo", disse o deputado Vilson Covatti (PP-RS).

A reportagem teve acesso a uma tabela de valores enviada pela SRI (Secretaria de Relações Institucionais) --vinculada à Presidência da República-- ao Ministério das Cidades orientando sobre a verba que deveria ser autorizada para os deputados do PP.

Com o partido dividido, Negromonte não seguiu à risca a lista e beneficiou seu grupo político-- entre 10 e 12 deputados-- com pelo menos R$ 13 milhões a mais.

Essa ala do PP teve R$ 40 milhões empenhados, segundo dados do Sincov (Sistema de Convênios do Governo Federal).

O próprio ministro levou R$ 500 mil além do que deveria empenhar de suas emendas, apresentadas em 2010, quando era deputado federal.

Enquanto isso, seus adversários no PP conseguiram, no máximo, os recursos mencionados na tabela do Palácio do Planalto.

Resposta

O Ministério das Cidades disse, por meio da assessoria, que liberou os recursos "segundo sua disponibilidade orçamentária".

"Os valores (...) contam com a participação da Secretaria de Relações Institucionais e dos Ministérios executores", diz a nota, que não fala sobre a diferença em relação à planilha do governo.

Já a Secretaria de Relações Institucionais informou que encaminha aos ministérios os valores com base em acordos com os líderes partidários.

A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) identificou a manobra no empenho das emendas e avisou a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

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