Brasileiros gastam mais com saúde do que governo

Rio - Apesar de o Brasil contar com o SUS (Sistema Único de Saúde), que tem como princípio prestar atendimento público e universal, são as famílias brasileiras que arcam diretamente com a maior parte dos gastos com saúde no país.

Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, em 2009, as despesas com consultas, internações, exames, medicamentos e outros bens e serviços de saúde somaram R$ 283,6 bilhões, 8,8% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano. Em 2008, eram 8,3% do PIB.

Do total gasto com saúde em 2009, 55,4% saíram do bolso das famílias, contra 43,6% das três esferas de governo. Outro 1% veio de entidades sem fins lucrativos.

Considerando-se apenas os serviços de saúde, sem bens como medicamentos e próteses, a situação se inverte: o governo passa a responder por 53,1% e as famílias, por 45,3%. Isso porque a segunda maior despesa dos brasileiros é com remédios.

O IBGE também mostrou que a participação da administração pública nas despesas cresceu --em 2005, era de 40,1%.

Mesmo assim, em 2009, o gasto público anual foi de R$ 645,27 por habitante, quase R$ 200 a menos do que os R$ 835,65 gastos pelas famílias brasileiras.

Para estudiosos da área, os dados expõem o subfinanciamento do setor e o desequilíbrio entre gastos públicos e privados --problemas que, dizem, não serão resolvidos com a regulamentação da Emenda 29, que definiu o que pode ser considerado gasto com saúde para cumprimento do investimento mínimo na área.

"A lei tinha como principal finalidade aumentar o percentual de participação do governo federal. Isto não foi conseguido", disse o pesquisador Gilson Carvalho.